quarta-feira, 30 de março de 2005

Um dos maiores prazeres que eu tinha na minha infância era visitar a casa da minha prima e namorar, durante horas, sua imensa biblioteca.
Na verdade era um armário alto, do chão ao teto, cheio dos mais diversos livros infanto juvenis. Uma coleção enorme, com vários volumes dos mais diversos tipos de histórias, desde "Beleza Negra" de Anna Sewel, até clássicos nacionais.

Foi lá que eu conheci "Os meninos da Rua Paulo", do húngaro Ferenc Molnar.

Minha prima, que nunca foi leitora compulsiva como eu, não dava muita bola para aquele tesouro em forma de papel. Nós crescemos, a biblioteca foi desfeita, nenhum livro foi deixado, sobraram apenas uma parede vazia e muitas recordações (minhas).

Porém outro dia, lendo um livro que o Augusto me emprestou, o autor cita um nome que me trouxe de volta à memória a história comovente dos meninos húngaros defendendo seu grund.
E resolvi comprar a edição mais recente do livrinho.

Reli em um dia. E, como não poderia deixar de ser, lembrei da minha própria infância, cheia de terrenos baldios (grunds), morros, explorações, guerras de mamona, reuniões secretas, brincadeiras mil que eu e meus amigos inventávamos para passar nosso tempo.

Como o Phulano disse um dia pra mim, tudo tem seu tempo.
Eu aproveitei tão bem o meu, mas tão bem, que além da minha infância ter deixado saudade, deixou uma sensação de dever cumprido. Eu FUI uma criança feliz, apesar de, na época, não saber.

Minha adolescência deixou a desejar em alguns pontos, mas eu soube aproveitá-la bem. Hoje eu corro atrás das pendências que ficaram.

Eu fui criada para acreditar no ser humano, eu fui criada para crer que todo ser humano é bom. Por isso me magôo tanto quando sou traída.
Não sou invejosa, apesar do que pensam alguns, não sou muito rancorosa, apenas vejo se uma pessoa serve para ser minha amiga, se não servir, passo por cima e vou em frente - ela que viva sua vida, eu a minha.

Estou ouvindo Magic Box - If You.

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