terça-feira, 25 de setembro de 2018

Existe uma escritora chamada Stella Florence que me ajudou a superar meus problemas mais do que ela ou qualquer pessoa imagina.
Cada livro que eu lia, parecia uma mensagem para mim, o conselho de uma amiga que eu não conhecia, mas que me conhecia muito bem.

Já à dias tenho pensado nas minhas coisas, e hoje eu lembrei de um conto dela que retrata exatamente o que eu fiz durante um período significativo da minha vida - um período que deixou mágoas profundas em mim.
Resolvi procurar o texto na internet e reler. Na busca, acabei saindo no blog da escritora.

Lá, tinha um texto. Perfeito. Como se me esperasse. Como se fosse escrito pra mim, me ajudando, mais uma vez.
Obrigada, Stella.

Há algum tempo, condoída pelo fora que uma amiga levara, escrevi um texto de presente para ela: uma carta de desamor. 
Na época, fez bem a ela ter a experiência materializada em texto: texto que poderia ser entregue ao dito cujo (e foi), texto que poderia ser impresso e simbolicamente queimado (e foi), texto que poderia fazê-la erguer a cabeça e a autoestima (e fez).

Se ele ajudou uma mulher, pode ajudar duas, três… Acrescente o que você quiser ao miolo dessa carta e torne-a sua: o final (um dos meus mantras preferidos) é o que realmente importa.

***

Me desculpe por eu ter tomado a iniciativa. Me desculpe por ter almoçado com você tantas vezes. Me desculpe por ter ligado.

Me desculpe pela chuva que tomamos subindo a Augusta. Me desculpe por ter acreditado nas suas mensagens. Me desculpe por ter rido das suas piadas.

Me desculpe pelos machucados que sua ex deixou em você. Me desculpe por eu ter vindo logo depois dela. Me desculpe por tentar entender seu silêncio.

Me desculpe pelo que foi ruim. Me desculpe pelo que foi bom. Me desculpe por eu ter subestimado o que foi ruim e superestimado o que foi bom.

Me desculpe por eu não ter usado máscara. Me desculpe por querer mais. Me desculpe por supor que você também quisesse mais.

Me desculpe por ter dito “sim”. Me desculpe por eu confiado em você. Me desculpe pela cinta-liga que eu comprei para te agradar.

Me desculpe por, em algum momento, eu ter te amado. Me desculpe por, em algum momento, eu ter te achado bonito. Me desculpe por, em algum momento, eu ter acreditado que você era o homem da minha vida.

Me desculpe pelos seus erros de português. Me desculpe pelos erros de português da sua nova namorada. Me desculpe por a sua nova namorada achar que margaridas são flores menos nobres.

Me desculpe pelos 130 quilômetros de congestionamento que eu atravessei para te ver. Me desculpe pela barata que eu tive de matar na sua cozinha. Me desculpe por eu ter permitido que você deixasse a TV ligada no jogo do Palmeiras enquanto nós transávamos.

Me desculpe por eu ter acreditado que você compreendia meu olhar. Me desculpe por eu ter dito coisas lindas para você. Me desculpe por você não ter entendido um terço do que eu disse.

Mas, sobretudo, me desculpe por pedir essas ridículas, inúteis e dolorosas desculpas. Que, naturalmente, não são para você: são para mim.

Afinal, porcos não reconhecem pérolas.

Stella Florence - Uma carta de desamor
Existem momentos em que você para tudo para refletir sobre a sua vida.

Eu estou, nessa semana, fazendo isso: uma auto análise. Um auto conhecimento. Recordando o passado (hoje cheguei aos meus 11 anos).
Enfim, relembrando tudo que me aconteceu para que eu fosse quem eu sou hoje.

Haja coragem. Pois isso dói. Ninguém passa livre de farpas, pela vida.

Quando uma dessas farpas não é removida, ela continua ali, mesmo sem doer.

Quem faz esse tipo de exercício mental, precisa estar preparado pra relembrar dessas farpas, pois dói.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Depois que se adquire uma certa idade, ao olhar para trás, verificamos que tudo na vida foi aprendizado.
Se e como sobrevivemos às experiências, se foram boas ou más, fortuitas ou duradouras, se deixaram "rastro", tudo isso nos ajuda a sermos mais fortes e aprendermos a lidar com a nossa vida. Tudo nos dá maturidade para o futuro.
Por mais que algo na nossa vida doa, acaba sendo proveitoso.

Pela minha experiência, especificamente, três coisas me fizeram mais forte:

  • perdas no amor/amizade
  • perdas financeiras
  • exemplo dado por terceiros


Experiências passadas por terceiros são as mais difíceis de internalizar, pois não é conosco que aconteceu o problema. Você está ouvindo um relato e pensa que "comigo teria sido diferente", ou "eu teria feito tal coisa".
Na verdade, talvez sim, talvez não, e você só saberá quando confrontado por uma experiência semelhante. A verdade, é que enquanto não passarmos pela mesma situação, não saberemos como reagir. Mas sempre, sempre aproveite para saber como outros lidaram com determinada situação, para tentar não cometer os mesmos erros.

As perdas financeiras e as sociedades desfeitas deixam um rastro profundo, mas são muito úteis para que, no futuro, deixemos de acreditar em falsos planos, promessas mirabolantes, etc. Uma perda financeira demora anos para ser quitada, perdemos amigos no caminho, mas nos fortalece de forma incrível. Nada mais glorioso do que ressurgir depois de "quebrar".

Talvez o mesmo valha para as perdas de amizade. Diz um ditado que, se perdeu, não era seu amigo, e pode até ser verdade, mas nunca sabemos até onde a nossa culpa acaba e onde começa a do outro, pois nossa tendência é vermos apenas o nosso lado. Apenas depois de muita reflexão e autocritica, podemos estabelecer os porquês de uma amizade terem acabado.

A mais dolorosa é a perda amorosa, sem dúvida.
Eu perdi amores e perdi familiares (que também são amores).
Os primeiros para a vida, os segundos, para a morte.
E... é engraçado... Eu achava que a pior dor do mundo era perder minha família, e num certo sentido foi. Perder meu pais, meus avós e, recentemente, minha mãe, foi uma dor que me traz tristeza profunda, saudade, nostalgia.

Perder meu pai cedo - 16 anos - perder minha mãe como perdi, e mais algumas circunstâncias da minha vida me fizeram ter depressão. Hoje diria que ou era leve, ou tratei dela cedo. Tomei meus remédios, fiz minha terapia, e hoje a depressão é só uma sombra que ronda por perto, voltando quando acontecem determinados episódios.

Quando minha mãe ficou doente e eu cuidava dela, a depressão voltou. Ninguém conhece você como você mesmo, então eu percebi que "algo estava errado"; notei que estava tendo atitudes estranhas, como querer dormir cobrindo a cabeça e em posição fetal (coisas que eu definitivamente não faço), não querer sair de casa, não querer pegar estradas de carro, "ver" acidentes acontecendo na minha imaginação no momento em que o carro pega a estrada... Atitudes totalmente contrárias à minha pessoa; fui para minha terapeuta, ela me indicou um neuro que me passou alguns remédios, e tudo passou.

Mas perder um amor pode ser mais doloroso que perder um parente. Ou, ao menos, para mim, foi. A pior dor que eu já senti na vida? Perder fulano.
Meus pais, talvez eu estivesse preparada, pois ambos ficaram doentes, e doeu, sim.

Numa sincera análise autocrítica, depois de muitos anos, posso fazer algumas ressalvas, e talvez a dor maior seja justamente pela maior parte da "culpa" ser minha. Pois, como eu disse, aprendemos com a experiência, e essa me levou a entender que:

  • Não se perde o que não se tem;
  • Ninguém ama com a mesma intensidade;
  • Nunca deixe uma história incompleta, feche seus círculos.


Depois de anos de terapia tentando entender a perda de fulano para outra e tudo que aconteceu na sequência, entendi que eu amei muito e ele... se deixou amar. Era fácil, era cômodo, era útil. Mas a rapidez e facilidade com que eu fui trocada - por alguém pior, ao meu ver - doeu tanto, tanto, que anos e anos de terapia foram jogados pela janela.

Doía no peito, fisicamente. Eu acordava de manhã e pensava que ainda estava viva, mas que seria melhor estar morta, de tanta dor.

Nesse período, chorosa, magoada, triste, a melhor frase que ouvi foi "dor de amor não mata; você não vai morrer, vai doer, mas vai passar". Incrível como ouvir o óbvio ajuda. Não, eu não morri e a dor foi diminuindo com os anos.

Me afoguei em bebida, em loucuras, em outras pessoas. Algumas eu nem lembro o nome, outras eu nem lembro o que fiz, se fiz. Queria apenas a benção do esquecimento momentâneo. O tempo passou, a dor atenuou, nunca sarou completamente, mas atenuou. E, durante as terapias e as horas de reflexão, percebi que eu precisava de respostas que só ele poderia me dar.

O tempo separou aquele casal e eu fui atrás das minhas respostas. Mas, na ânsia da saudade, obtive respostas incompletas. Ou talvez não tenha insistido... O fato é que eu me decepcionei novamente.

Só que, dessa vez, eu me dei uma chance de ser feliz, comecei um relacionamento com alguém que me valorizava, casei, montei minha família, tenho um marido e uma filha... Fulano, o passado, casou logo depois com uma boa pessoa - uma das armadilhas do amor é que quando amamos, queremos ver a pessoa bem. Eu achei que estava em paz.

Leia lá em cima de novo. "Nunca deixe uma história incompleta, feche seus círculos".
Pois o passado volta, sempre.

Depois de quase 12 anos, meu passado voltou com uma força impressionante para me assombrar.

Na verdade não foi "o passado" que voltou, foram as lembranças, e elas vieram à tona na forma de 2 fotos antigas que um amigo jogou em um grupo de whatts. Duas pequenas fotos, onde fulano aparecia. Dois momentos da vida dele. Eu olhei as fotos e tudo veio à tona, as lembranças, os sentimentos de dor, perda, tristeza. Porque eu lembro exatamente de cada momento em que as fotos foram tiradas. Lembro dele contando do local de uma das fotos, e a outra foto, quando ele já não estava mais convivendo comigo, mas eu lembro da foto, e lembro da dor de quando eu a vi pela primeira vez. Tudo isso veio de uma vez, como um soco.

E... novamente, é engraçado... Eu tenho a esposa dele adicionada no Face (nós nos conhecíamos antes dos nossos respectivos casamentos). Ela sempre posta fotos deles, atuais, com o filho, com ele, em momentos de família. Fotos recentes que não me abalam nem um pingo, até acho graça, "é, todos envelhecem"...

Mas ver aquelas duas fotos de momentos passados, dolorosos, foi algo para o qual eu não estava preparada. Doeu. Muito.

Quando isso me acontece, eu sempre faço minhas auto análises, e fico dias e dias pensando, e nesse caso, eu achei que o círculo havia fechado. E vi que não. Mas agora, não são mais de respostas que eu preciso, preciso desabafar. Talvez eu precise dizer, cara a cara, sobre essa dor, e qual a parcela de culpa dele nisso tudo.

Algo que, nessa vida, é impraticável. O cara vai achar que eu bebi. Ou que sou louca.

Portanto, lembre-se: feche seus círculos.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A idade traz a sabedoria

Conversando com um amigo sobre "grupos de putaria do facebook", através de áudios de watts, o mesmo estava reclamando que teve seu perfil bloqueado algumas horas; eu respondi que provavelmente por alguma denuncia, alguma foto de nude que ele enviou e a mulher se sentiu ofendida e denunciou, enfim, esse tipo de coisa comum que costuma ocorrer em grupos dessa temática.

Meu marido, deitado no sofá, ouviu a conversa e perguntou por que ele não podia fazer parte desses grupos de putaria.

Eu respondi: mas eu nunca proibi, entra se você quiser.

Posso?

Claro, amor. Só tenho umas regras a esse respeito: se por acaso rolar contato carnal, não quero encheção de saco, ligações de madrugada, etc. Nada de "caso sério", é trepada de uma saída e só; nada de deixar compromissos familiares de lado; nada de doenças venéreas, use camisinha e, por fim, aceite a reciprocidade.

Reciprocidade, como?

Ué, se você pode, eu também posso...

Marido resmungou aqui e desistiu de grupos de putaria... disse que estava só brincando.

sábado, 15 de setembro de 2018

Lembrando de uma época que eu precisava escutar todas as músicas do Tomaz Lima (Homem de bem) pra segurar as pontas de uma deprê profunda - fora a medicação, que essa voltou com tudo.

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...