sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Neuras que a gente desenvolve quando tem uma pessoa acamada sob sua responsabilidade (no caso, minha mãe):


  • Se EU estou com frio, é porque está frio. 
  • Se eu não estou com frio, ainda assim está frio. 
  • Se eu estou com calor, não significa que esteja, necessariamente, calor.
  • Se eu uso um edredom, minha mãe precisa usar 3, dobrados, o que obviamente os transforma em 6.
  • Se ela está com os pés gelados, não importa quantos edredons estejam em cima dela, ela PRECISA de pelo menos mais um cobertor nos pés. 
  • Se mesmo depois de colocar meias de lã nos pés dela e um cobertor felpudo em volta dos pés, eles continuarem gelados, torna-se obrigatório colocar umas almofadas sobre os pés. 
  • Se, depois de tudo isso, ela está quente, o primeiro pensamento que vem é: "será que ela está com febre? (ignorando solenemente os edredons, o cobertor felpudo e as almofadas). 
  • Se ela estiver suando, o pensamento é "será que ela teve febre E PASSOU? (continuando a ignorar solenemente os edredons, etc, assim como a temperatura ambiente - volte ao item 3 desta lista).
  • Se ela passa a noite acordada, o primeiro pensamento é: "será que tem alguma coisa errada?" 
  • Se ela dorme bem a noite toda, o primeiro pensamento é: "será que tem alguma coisa errada?" 
  • Se ela está secretiva, o pensamento é: "deve ter alguma coisa errada - provavelmente gripe."
  • Se ela não está secretiva, o pensamento é: "tem alguma coisa errada e eu não sei o que é."

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A primeira vez que li "A Mulher Só", de Harold Robbins, eu devia ter uns 12 anos.
Lembro que achei um livro chocante, mas em plenos anos 80, o que poderia esperar? Muitas "cenas" ainda viviam na minha cabeça quando encontrei esse livro pra comprar no sebo outro dia. Comprei e reli, e já não achei tão forte ou chocante. Mas hoje em dia, existem leituras bem mais fortes...

Mas me recordo bem que eu achava a JeriLee o máximo!! Sempre falava a verdade, sempre disposta a dar a cara à tapa pelos amigos, sempre independente, sem querer favores de ninguém nem aceitando humilhações. largou vários parceiros com grana pra subir a escada da vida sozinha.
E mesmo no final, no fundo do poço, ela consegue se reerguer e vencer na vida... Incrível!!

Hoje eu já penso que JeriLee era uma esnobe idiota, tão idiota que recusou todos os tipos de ajuda, fosse financeira ou psicológica, e decaiu a um ponto de não ter ninguém a quem apelar, a não ser um desconhecido.
De que adiantou tanta empáfia se estava sem um puto sequer pra comer? No final acabou na sarjeta, se prostituindo a troco de nada, por orgulho. Tantos convites recusados, "esse papel não serve pra mim" e depois tinha que se humilhar de qualquer forma...

Ok, eu sei que a personagem deveria passar por tudo isso pra aprender, afinal o que uma garota esnobe e mimada sabe sobre a vida pra poder escrever um livro? Mas que é irritante, aahhh isso é e muito...

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cachorro, pra mim, tem que ser amigo. Dar prazer. Se for gerar incômodo, deixa de ser amigo e vira um transtorno que vai ser doado ou colocado na rua, certeza.

Precisando de um filhote pra conviver com minha filha de 3 anos, meu primeiro pensamento foi num cão de raça de pequeno porte. O cão de raça a gente sabe o que esperar dele.

Mas tocada sentimentalmente pelas inúmeras imagens de cães carentes esperando adoção, decidi visitar a feirinha de adoção da ONG daqui da minha cidade.
O pessoal é meio desorganizado, tem pouca verba, luta com dificuldade, então eu achei que sabia o que esperar.
Ao mesmo tempo, me sentindo mal por não ajudar em nada os cães carentes, decidi adotar um cão. Já adotei cães de raça adultos, já tive filhotes de vira lata adotados, não pode ser tão difícil, pensei.
Quanto engano...

O que esses pobres protetores tentam passar sobre seus tutelados e a realidade são muito diferentes.
Enfim, vi muitos filhotes. A maioria dormindo amontoada, apática.
Alguns poucos pulando e brincando (foram adotados logo) e outros mais contemplativos.

Alguns adultos.

Marido gostou de um preto adulto. Perguntei pra presidente da ONG sobre ele.
Muito simpático, ela disse, bem manso.
Levei ele e um filhote de 4 meses pelo duro (cruza de poodle com alguma coisa, sempre sai pelo duro).
O filhote tive que devolver quase no dia seguinte. Medroso, mordeu todo mundo em casa. Minha filha de 3 anos queria segurar ele no colo, não deu.
Como socializar um cão assim?
EU SEI socializar o cachorro, só não achei que seria conveniente pra minha filha. Queria um filhote brincalhão, não um pobre bichinho acuado mordedor.

O adulto, oh, o adulto. Que graça de cão.
Que benção.
Que amor.
Tudo muito bem até o exame de sangue.
Veio com leishmaniose.
Meu Deus, mais um?

Liguei pra presidente da ONG, "amiga, o cão tá com leish, mas eu não trato nem quero ser responsável por sacrificar. Levo ele pra você?"

Quando deixei ele na clínica veterinária onde ela arrumou um LT pra ele (ela também foi contra sacrificar, ia fazer o tratamento), me deu aquele aperto no peito, aquela tristeza.
Ainda estou muito triste.
Não tem um mês que sacrifiquei meu boxer por causa de leishmaniose, agora pego mais um?

Fora isso me senti um verme por devolver os 2. Por não ter me esforçado em fazer a diferença pra esses dois cães.
Mas eu tenho que pensar na filha e na mãe acamada.
Cão com leishmaniose aqui, NÃO.

Estou cansada, triste e sem estrutura psicológica pra isso...

domingo, 23 de março de 2014

Eu devo ter feito alguma coisa muito muito muito (ênfase no muito) ruim em outras vidas pra ter a conversa que eu tive hoje com o Fabio...

terça-feira, 18 de março de 2014

Quando minha mãe teve o AVC ela estava, como sempre, acompanhando todas as novelas que ela conseguia. Mas eu me recordo que no Vale a pena Ver de Novo estava passando "O Clone"e, no Viva, "Vale Tudo".

Eu passei quase 1 mês assistindo essas duas novelas, pra poder contar pra ela o que ela havia perdido, quando ela saísse da UTI, andando, falando e, lógico, muito brava por ter perdido tantos capítulos.

Ela nunca mais voltou ao normal; nunca mais conseguiu acompanhar uma novela. Ela teria adorado esse personagem Felix, do Mateus Solano.
Ela estaria "xingando muito" os mensaleiros, a Dilma e o Lula. E estaria adorando ver os preparativos pra Copa e pras Olimpíadas...

Ela teria adorado as novas animações que saíram depois de sua doença, "O segredo dos guardiões" ou "Toy Story 3".
E, principalmente, ela estaria se derretendo toda com as estripulias da Carol.

É... Nunca ninguém disse que a vida era justa...
Eu tenho 40 anos.
Convivo com cães desde que nasci. Meu amor aos cães vem desde pequena, quando eu achava que a Suzy "era minha" e na verdade era da minha avó.

Desde então eu tenho convivido com cachorros das mais variadas raças, tamanhos e "personalidades".
Desde os 15 eu convivo com dobermanns. A única vez que fiquei sem um em casa foi antes do Moxitinho chegar e eu quase ter ficado paranoica, trancando a casa, achando que ladrões iam entrar em casa a qualquer momento, pois eu sempre liguei a segurança da minha casa aos dobermanns.

Mas nem só de uma raça vive o cinófilo, então ao longo dos anos eu também convivi com as mais diversas raças caninas possíveis. Grandes, pequenos, médios, bravos, mansos, apáticos, ligados no 220, cavadores de buraco, puxadores de roupa, escaladores de canil, matadores de gatos (aliás de tudo), peludos, pelados, saudáveis, doentes, gulosos, frescos...
Se eu entendo de genética, biologia, estrutura, veterinária, etc etc etc? O suficiente pra não fazer burrada com eles.
Eu prefiro observar meus cães, compreender como funciona o "mecanismo" de sobrevivência e convivência conosco. Minha praia, por assim dizer, é manejo.

Por exemplo, eu sei que cachorro que come comida humana, resto de prato, etc, tem dificuldade em aceitar ração. É uma adaptação lenta e dolorosa pro cão, que tende a emagrecer.
Cachorro não morre de fome se tiver "comida" à disposição dele, então a gente sabe que ele VAI comer, mas antes ele vai emagrecer e fazer drama...
Cachorro que foi criado na ração tem mais facilidade de adaptação, sabe que aquelas bolinhas sem palatabilidade são comida. Mas também eles, se for oferecida comida, renegam ração.

Convenhamos, quem quer voltar pro coxão duro depois de anos comendo filé?

Então quando vem pra mim um cachorro enjoado na ração, eu sei que ele passou anos comendo comida, seja ela resto de mesa ou feita pra ele... Não adianta querer me enganar, é um fato...
Quando meu pai morreu, tantos anos atrás, deixou um legado de muitos álbuns em vinil, de música clássica. Eu os distribuí pela família; fiquei com apenas Peter und der Wolf, um LP pequeno e já bem gasto, creio porque todos nós sempre gostáramos da história e porque, sendo a narração em alemão, ambos, Márcio e Meyre, iam traduzindo pra mim passo a passo.

Meu pai morreu antes da popularização dos CD`s. Eram caros, na época. mas ele comprou alguns, e eu tratei de expandir sua coleção, mesmo porque me arrependi muito de ter doado os LP`s, eram albuns grandes, em caixas, com as histórias das músicas, traduções e curiosidades.

Eu aprendi muito - e desde então esqueci muito também.

Mas outro dia, recordando e limpando a estante dos CD`s, resolvi fazer download de algumas músicas clássicas, as minhas preferidas...
E quem disse que eu lembrava o nome? Ahhh...

Bom, mas eu meti a cara e baixei algumas, e pretendo copiar dos CD`s pro meu PC.

O fato é que o legado nunca esteve nos discos, nos velhos LP`s. Estava o tempo todo nas músicas.
As vezes eu coloco uma pra ouvir - como Tchaikovsky, 1812 Overture - e me recordo dele narrando parte por parte, "agora a Marselhesa, Napoleão está invadindo São Petesburgo... agora, ouve os canhões? Os franceses estão sendo expulsos". Ou ainda na música de Borodin, Príncipe Igor, Danças Polovitsianas, "o Principe foi aprisionado e estão dançando para ele".

Como eu queria que ele estivesse vivo...
Ele ia se deleitar com as MP3, com os computadores, a tecnologia, ele sempre amou tecnologia, teve um xadrez eletrônico!!

Tentou me ensinar a jogar xadrez mas eu nunca consegui aprender. Como deve ter sido frustrante pra ele, sua única filha que não gostava de matemática nem conseguia entender as regras do jogo dos reis...


quinta-feira, 13 de março de 2014

Meleca hoje foi embora...
Ontem estava feliz e alegre, tomou seu remedinho, coloquei ração.

Hoje fui lavar o canilzinho e estava fria e dura.

Não me achava capaz de ficar tão triste. Mas estou.

Pra completar, sexta feira deram uma paulada/tiro na cara da Cigana.

A maldade do ato me assustou muito.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Teoricamente, todo cavalo é igual.
Você tem seu cavalo e pode passar a vida toda, com ele, muito feliz. Ele anda, trota e galopa com você, ele até salta! Mas o problema é quando você quer se especializar em algo com esse cavalo.

Competições equestres de salto, por exemplo, pedem cavalos altos para saltos mais fortes. Seu cavalo não vai se encaixar nesse gabarito. Ele até salta, e bem, mas se você quiser mesmo ir em frente no esporte, precisa deixar seu cavalinho de lado e arrumar outro mais adequado.
Corridas de cavalo exigem raças específicas. PSI só corre com PSI. QM só corre com QM de linhagem de corrida. Sim, QM tem animais de conformação, de corrida, de rédeas, apartação, de laço... Um QM de apartação não vai alcançar a mesma velocidade de um de corrida.
Seu cavalo trota? Legal, todos eles tem sua forma de "trote", até os marchadores. Mas se você quiser se dedicar à corrida de trote, vai ver que seu cavalo não chega nem perto das raças trotadoras, animais que alcançam velocidades fabulosas sem galopar.
Se sua praia é cavalgada, qualquer cavalo serve? Novamente, teoricamente sim, porém qual é mais cômodo? Um trotador ou um marchador? Qual fará com que você se sinta melhor montando por cerca de 30km? Um cavalo que trota o tempo todo ou um animal que marcha e é bem mais suave?

O uso correto de um cavalo na função ideal permite um melhor rendimento.
Muitos ignoram que D. Pedro I não estava em um belo cavalo ao proclamar a Independência, e sim num burro.
Na Idade Média existia uma diferença básica entre cavalos.
Um cavalo para um camponês tinha valor incalculável, ele arava a terra bem mais rápido que os humanos poderiam fazer.
Os palafréns eram cavalos mansos e belos, geralmente montados por jovens damas e escudeiros e usados em desfiles.
Os cavalos de caça eram ágeis e fortes.
E os cavalos de batalha era a cereja do bolo. Animais muitas vezes treinados para serem perigosos, os cavalos de batalha dos lordes custavam caríssimo. No começo, eram usados grandes cavalos de tração, de patas peludas, que suportavam carregar muito peso (pensem em toda a equipagem dos cavaleiros, aquelas armaduras pesavam).
Depois das cruzadas, onde os cavaleiros medievais conheceram os turcos e seus leves e ágeis cavalos árabes, os cavalos de batalha medievais passaram a ser mais ágeis (alguns supõe que a origem do frísio vem daí).
Comprar e sustentar um cavalo desses era algo que só lordes abastados conseguiam fazer.

Esse texto é apenas uma filosofada básica sobre cavalos e suas utilizações...

Para quem quer adquirir um animal pra uma coisa e acha que qualquer um serve...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Numa noite particularmente espinhosa, resolvi sofrer um pouco e visitar os lugares da minha infância.

Comecei com a Djalma Bento, claro. Andei pelo bairro todo, vi minha ex casa, vi a casa do Vi, do Beto, do Sandro e a casa de todos os meus ex vizinhos, inclusive a que continua sendo, pra mim, a mais bela da rua, a casa da Eliana. Nenhum dos terrenos baldios onde brincamos tanto existe mais.

Depois disso, fui até a rua Ática ver como estava a última casa dos meus avós. Mudaram toda a fachada, quase não reconheci...
Tentei encontrar a casa da Tia Romilda, da Égide, mas não lembrava o nome da rua (Palacete das Águias) então fui a pé, atravessei a avenida Santa Catarina e encontrei a casa da Tia Roma pela fachada (o portão com bolinhas continua igual), mas a linda casa da Égide não achei, porque fecharam aquela entrada tão verde e aberta com portões... Nem quero imaginar como a casa estará por dentro e o que terá acontecido àquele aconchegante quintal...

Ainda caminhando, desci a antiga Termópilas, hoje Itagiba Santiago e fui devagar, olhando casa por casa... E reconheci a velha casa que foi moradia de tantos, durante tanto tempo. Palco de tragédias e alegrias... Reconheci a entrada da garagem pelas pedras do calçamento, continuam as mesmas. O velho e assustador porão virou uma garagem, mas o que me chamou a atenção e me fez ter certeza que eu olhava a casa certa foram as janelas! As janelas quadradas da sala, com vidro. As janelas quadradas do andar de cima, com as mesmas persianas, ou como quer que se chame aquele meio de fecha-las... Abrem por baixo... Quase não acreditei que em todos esses anos nunca modificaram essas janelas!!
E o portão que dava para a entrada lateral e o jardim, continua exatamente o mesmo!!!!
Não satisfeita, dei a volta no quarteirão (rua Maratona) tentar encontrar a casa da Tia Romilda que dava fundo com a da Ma e do Chico. Acho que encontrei!! Pelo menos onde eu lembro que era a casa e aparentemente a fachada onde tinha um jardinzinho de gnomos não parece muito diferente. Ainda dei uma olhada nas casas do lado, mas sim, era isso mesmo... Era aquela casa, com uma entrada lateral que descia pra casa dos meus avós.

Por fim, resolvi ir até a Rua Galileu. Desci aquela rua comprida, que terminava em uma rua sem asfalto, com um motel e a favela do Buraco Quente, antes, e onde hoje já não existe mais favela... Bom, o Motel ainda existe, mas onde era a favela virou o tal águas espraiadas, hoje é uma avenida chamada Jornalista Roberto Marinho...
A casa em si mudou muito! Será que preservaram a lareira??
Um dos terraços, onde ficava a Sharon, virou um quarto, em cima da garagem com portão basculante de madeira, onde guardávamos tantas tranqueiras e a mesa de ping pong.
Aparentemente a varandinha do quarto da Mafalda sobreviveu. 

Depois, mesmo porque ainda era cedo, resolvi dar uma voltinha no Baguaçu, porque não?
Tudo lá. A Igreja, o barracão, a praça... Fui descendo e passei pela venda... Vi a fazenda da D. Antoninha, imponente como sempre e cheguei até a encruzilhada da fazenda do Tio Orlando.
Notei uma estrada nova que deve servir para ir até o sítio do Jair, sem ter que passar na frente da sede da Bela Vista. Ou então é alguma estrada para caminhões, pois ela dá em frente aos barracões, enfim... É uma estrada "nova" pra mim.
Vista de cima, a fazenda parece mais um SPA ou uma pequena cidade, e com direito a praça! O terreirão continua lá. Mas acredito que o resto deve ter sido reformado... 
Peguei o desvio que leva à outra parte da fazenda, onde era a Colônia (será que ainda existe? as casas estão ali?) Mas se existe algo lá, as enormes árvores tamparam... 
Dei uma última olhada ao redor, onde antes eram os pastos que eu me perdia à cavalo... e saí. 

Dei por encerrada minha visita. Basta de recordações por hoje, me deixam triste.

Talvez seja minha memória da infância, mas eu preferia MIL VEZES as coisas como eram antigamente.

Google Earth e Street View, estou muito grata pela ajuda. Valeu.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Carol passou do mini maternal pro maternal. Com isso, mudaram coleguinhas e professoras, além da sala de aula.
Mas algumas coleguinhas continuaram, então no primeiro dia, lá vai ela se sentar com uma das "veteranas". 
A menininha, linda, olhou pra mim e disse:
- Tia, olha a bola de massinha que eu fiz!
- Que linda sua bolinha! Carol, faz uma também!
- Tia, o nome dela não é Carol, é Anna Carolina. 
- ... ah... 

Na saída, fui busca-la. Falante como só ela tem conseguido ser esses dias, Carol começa um monólogo e se perde na conversa.
Na terça feira, na saída da escolinha, lá fomos nós conversando sobre o dia de aula dela:
- E aí Carol, gostou da aula?
- Sim.
- Quem estava na sala?
E ela foi falando o nome dos coleguinhas que ainda permaneciam com ela, comentando que fulano ou beltrano não estavam indo mais.
- Mas logo logo você vai fazer amiguinhos novos.
- Os amiguinhos novos são chatos.
- Não são, Carol, tem que esperar e conhecer eles melhor, dá uma chance pra eles né?
- Não, eles são chatos. Você é chata.
- Eu? Porque eu sou chata????
- Porque você me morde, me belisca, me bate, é teimosa, bate na minha bunda e não deixa eu comer chocolate.
Eu ri, lógico, e perguntei de novo e ela repetiu tudo isso...
Aí eu falei: É??? E você sabe porque eu faço tudo isso? Porque você me morde, me belisca, me bate, me chuta, passa meleca em mim, manda eu cheirar seu pum (nisso ela já começou a rir), faz lesminha em mim, acha que é fácil aguentar você???

E assim a vida corre...
ahh, perdi minha aliança dia 27/01/2014. Ótima maneira de começar o ano...

sábado, 4 de janeiro de 2014

Outro dia me peguei pensando que a minha filha não vai ter a mesma infância que eu tive - e isso me deixou bem triste.
Porque a minha infância e adolescência foram lindas.

Eu tive tudo na ordem certa: amizades de rua que viviam as aventuras comigo; as amizades de escola que eram totalmente especiais; uma família maravilhosa que estava sempre ali; animais de estimação perfeitos e o melhor lugar do mundo pra passar as férias.

Não sei se a Carol terá tudo isso. Começando pela quantidade de primos que eu tenho, e ela está reduzida à família do Fabio.
Ela terá acesso a tecnologias que eu nunca tive, e que podem prende-la dentro de casa, de uma forma que eu nunca fiquei: a única coisa que me prendia em casa era TV e um livro.

O mundo dela já é bem mais violento de uma maneira que o meu nunca foi. Aliás eu não consigo sequer imagina-la andando pelos bairros de Birigui como eu andei pelos bairros de SP. Como eu andava de ônibus pra cima e pra baixo e como eu vagava pela minha cidade, enorme, sem medo.
Ela não terá amigos para brincar de Taco, na rua; de estátua; de esconde esconde; pega pega; balança caixão; carrinho de rolemã; pai da rua; pipa; bolinha de gude; pião. Talvez ela consiga andar de bicicleta na rua sob supervisão.
E talvez a turma dela nunca faça como a minha fez: uma última brincadeira, um jogo de pai da rua, ou esconde, ou pega, nem lembro, à noite, todos já com mais de 17 anos, se matando de correr e brincar... Foi a última vez que nos reunimos pra viver uma época boa de criança que nó sabíamos que nunca ia voltar...

A Carol não terá um tio benevolente com uma fazenda incrível, com peões, gado, plantação, pra passar as férias como eu tive. Não terá piscina com rampa pra escorregar, nem gado nelore pra tocar na estrada. Não terá primos em bagunça numa casa de fazenda enorme, com milho cozido a tarde e bolo de chocolate feito pela minha tia, que junto com a minha vó eram as melhores cozinheiras "do mundo".
Carol não terá como pular carnaval em Clementina com os melhores amigos do mundo, ou ir nas quermesses de Braúna com esses mesmos amigos.

Ela terá amigos cada dia mais dependentes de celulares, smartphones e outros aparelhos do gênero. Sim, ela terá acesso aos animais, tão preciosos pra nossa saúde mental, mas não será a mesma coisa, creio eu.

Se eu tivesse que congelar minha vida em algum ponto; se eu pudesse voltar no tempo e estacionar, eu estacionaria de 1985 à 1987, talvez. Eu estacionaria na sexta série e talvez, na sétima.
Foram os melhores ANOS da minha vida.
Não sei se tive ANOS felizes depois disso, eu consigo lembrar de MOMENTOS felizes, mas anos? Sem duvida foram os anos de 1985 à 1987.

Todas as pessoas que eu amava estavam vivas e, em determinado momento, juntas, na minha vida. Eu tinha acesso aos 2 lados da minha família, materno e paterno; tinha acesso à fazenda e aos muitos amigos que fiz no Baguaçu; tinha meus amigos de rua; meus amigos de escola; meus bichos de estimação, todos eles também vivos;
Definitivamente, nessa época eu era FELIZ como poucos conseguiram ser, ou como eu jamais seria de novo, pois como eu disse, existem na nossa vida momentos de felicidade... Mas nesses breves anos eu realmente FUI feliz.

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...