quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

A saudade cobre a pele como uma fina camada de perfume, leve, aroma suave, não com aquele odor adocicado, insistente, marcante, apenas uma tênue impressão.
Saudade de verdade veste a gente, cobre partes da pele deixando-a morna e emborrachada, como aquelas roupas de mergulho, rente a pele, como nos anfíbios.
Dorme e acorda com a gente, fecha os olhos quando fechamos, abre quando abrimos, tem vontade própria, e como é tão cheia de vontades! Reclama presença, perfume, foto no álbum de lembranças, aquela aliança dourada no porta jóias...
Saudade, de tão intensa até machuca, arranca pedaços, às vezes do coração, as vezes da auto-estima, lágrimas talvez¿ Arrancadas a plena revelia de nossa vontade, assim, rolando no rosto aos montes, em pares.
A verdadeira saudade só a entende quem já a sentiu, e falar de saudade com quem a confunde com mera "falta", bem, nem mesmo vale a pena.
Minha saudade é única, assim como a sua, é incomparável, ninguém jamais a definirá em palavras tão exatas como as minhas, assim como a epiderme de minha alma nua, que só a mão de minha vontade libera ao toque.
Hoje fecho-me a verdadeira saudade, dela já sei quase tudo, porque a experimentei quase ao limite, e só não cheguei ao solitário vão do absurdo porque em meio ao pesadelo louco do devaneio, despertei para à vida.
É tempo de despertar e não vejo momento mais propício que este, em que todos os apelos ao redor são para renovação e renascimento.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

Foi hilário...
Bem no dia (na madrugada) do meu aniversário de 29 (sim, vinte e nove) aninhos eu fui largando as amigas nos locais mais inusitados.
Duas se deram bem (creio eu).
Burras se não aproveitarem...
E volto pra casa pensando, dirigindo devagar (tão contrário aos meus hábitos) ouvindo aquela música do Oasis, chorada (quase todas são, mas essa é mais) que me faz pensar em despedida.
Não sei porque, não adianta perguntar.
Me sinto tão velha! Tão além desses 29 anos!
E ao mesmo tempo sou tão ignorante pra tanta coisa!!
Só de pensar o quanto eu ainda provavelmente viverei, me dá cansaço.
Me desanima...

Ao fim, sou uma mulher que trepou gemendo alto para encobrir a impossibilidade de um orgasmo verdadeiro.
Chicote Verbal

...Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

Leia este texto de cima para baixo e depois de baixo para cima.
Isto é que é competência literária!!!
Bom, é a Clarice, que mais poder-se-ia esperar dela?
A mulher era foda!

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
E tarde demais...


Clarice Lispector

quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

Mas que drogaaaaaaa, teve que formatar tudo de novo, expirou o prazo de validade do WinXP.
Como alguém em sã consciência consegue gostar dessas porcarias?
Argh!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Terminei de montar meu PC novo hoje, literalmente.
Um amigo que montou, afinal eu sou preguiçosa demais pra aprender a fazer isso.
É um avião!

Mas não teve o mesmo gostinho de antes...

Até quando vai durar isso?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2002

Nádegas a declarar

Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso
Nádegas a declarar, nádegas a declarar
Nádegas a declarar? Claro que não!
Eu tenho opinião nesse papo de bundão
E vou dizer, mas primeiro você, Fernanda
Primeiro as damas, o que que cê manda?
Aí, Gabriel, vou logo deixar claro, não é lição de moral
Todo mundo tá sabendo que sambra é tropical
No país do futebol e carnaval
Mexer essa bundinha até que é natural
No meu ponto de vista, sem quer ser feminista
A bundalização é bastante estimulada
Por essa cultura machista, cê sabe... tá cheio de porco-chauvinista
Por isso que esse papo não é só pras menininhas
É pra todos esses caras que dão força, que dão linha
No concurso, na promessa de futuro
No programa de tv e no rádio toda hora pra você

A-ahá! Arrebita a rabeta!
A-ahá! E me diz, meu bem, o que mais que você tem?
A-ahá! Arrebita bem a bunda, vagabunda, que a bunda é tudo de bom que você tem

O que que você tem de bom além do bumbum?
Um talento, algum dom?
Ou as suas qualidades estão limitadas ao balanço dessa bunda arrebitada?
O que que você tem além da bunda?
Pense bem que a pergunta é profunda
Não, não é isso menina!
Eu não tô falando da sua virilha
Que deve ser uma maravilha
Mas seu cérebro é menor do que um caroço de ervilha
Ô minha filha, acorda pra vida!
A sua bunda tá em cima, mas sua moral tá caída
A dignidade tá em baixa
Você só rebola, só rebola, rebola e se rebaixa
E se encaixa no velho perfil:
Mulher objeto em pleno ano dois mil
E um, e dois, e três
Sempre tem alguém pra ser a bunda da vez
Te chamam de celebridade e você acredita
Enche o rabo de vaidade e arrebita

Você tira até retrato três por quatro de costas
Pensa com a bunda e quando abre a boca só sai bos...
Talvez você nem seja tão piranha
Mas qualquer concurso miss bumbum que tem você se assanha
A-ahá! E tira foto fazendo pose de garupa de moto
A-ahá! Vai sair na revista e o povo vai dizer que você é artista
Porque agora bunda, é cultura, é esporte
É até filosofia, quase uma religião
E se você tiver sorte pode ser seu passaporte para a fama
Ou pra cama, pode ser seu ganha-pão
Bunda conhecida, bunda milionária
Bonitinha mas ordinária
Que nem otária na tv, de perna aberta
Queima o filme das mulheres e se acha muito esperta
Vai, vai lá, vai entrar na dança, vai usar a poupança
Vai ficar orgulhosa sem saber o mau exemplo que tá dando pras crianças
Adolescentes, adultas e adultos retardados
Que idolatram um simples rebolado
(Bando de bundão!!) aplaudindo a atração
(Não pelas idéias mas pelo burrão)

(Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso...
Ai, nádegas a declarar
Lombo ambulante, burrão ignorante!)
Sua bunda é alucinante
A rabeta arrebenta mas beleza não é tudo
Além da forma tem que ter conteúdo
Senão você se torna descartável
Que nem uma boneca inflável
Então encare a realidade com o seu olho da frente
E veja a vida de uma forma diferente
Porque uma mulher decente
Pode ser muito mais atraente que uma bunda sorridente
Então, garota sangue bom
Se liga na missão, se liga nesse toque
Ser ou não ser, eis a questão
A vida é bem mais que um número no Ibope
Deixe a sua mente bem ligada ou vai ficar injuriada
Reclamando que não é valorizada
Pára pra pensar, bota a bunda no lugar
E a cabeça pra funcionar

Solta essa bundinha, solta o verso
Solta a rima minha filha, solta o verbo na cara do Brasil
Que atrás de você virão mais de mil
Eu também não sou chegado em celulite
Mas eu vou te dar um palpite, exercite a tua mente
E não se irrite se eu tô sendo muito franco
Mas atualmente ela só pega no tranco
Amanhã você vai olhar pra trás
E vai ver que o seu colã já não entra mais
Vai querer fazer uma lipo, vai querer meter "silico"
E vai continuar pagando mico

Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso
Nádegas a declarar, nádegas a declarar...

A-ahá! Arrebita a rabeta!
A-ahá! E me diz, meu bem, o que mais que você tem?
A-ahá! Arrebita bem a bunda, vagabunda, que a bunda é tudo de bom que você tem

segunda-feira, 2 de dezembro de 2002

domingo, 1 de dezembro de 2002

Hoje achei umas agendas antigas (desse ano é ser antiga?) e li belos poemas.
Isso me lembra que preciso de OUTRA agenda da Tribo...

Vezes sem conta tenho vontade de que nada mude.
Meia volta vou ver
Mudar é tudo que pude.

Paulo Leminski

Eles plantam árvores exóticas em seus jardins.
Eu, louca, planto livros dentro de mim...

Mairy Sarmanho

Uma grande verdade:

"A diferenca entre cagar e dar o cu é meramente vetorial."
(encontrada no banheiro da USP)


Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...