domingo, 4 de outubro de 2015

Minha mãe era muito devota, muito católica.
Ela sempre orou à Jesus e sua legião de anjos, pedindo proteção (eram essas as exatas palavras dela).
Uma vez ela foi comigo num batuque e na hora do passe a "médium incorporada" encostou e tirou a mão dela como se tivesse sido queimada, falando "a senhora não precisa de passe, é rodeada por uma legião de anjos", eu lembro exatamente dessas palavras. Ela não gostou do centro, que mais tarde revelou-se lotado de "médiuns" falsos.
E aí também resolveu que não ia mais em batuque nenhum comigo rsss...

Mas minha mãe era devota, muito devota, a São Francisco, Santa Edwiges e São Longuinho.
Pra Santa Edwiges ela pedia pra pagar as dívidas, e quantas vezes eu vi, do nada, aparecer dinheiro na conta dela, ou ela encontrava grana escondida nos casacos, ou dentro da bíblia...
Quando a mão direita dela coçava, era grana entrando, sempre, não falhava uma!

São Longuinho era o santo das coisas perdidas, ela perdia alguma coisa e achava, desde bolsa até cachorro sumido. E ia pra esquina dar 3 pulinhos e me levava junto (meu Deus, que mico), porque geralmente era eu quem perdia os cachorros.

Mas Santo Antônio era o principal. Pra ele, ela pedia tudo, desde ajuda pra resolver problemas no trabalho até achar coisas perdidas também, mas coisas maiores ou mais graves (documentos, por exemplo).

Todos eles atendiam os pedidos dela. Pelo menos, a maioria. Mas ela agradecia a ajuda assim mesmo.

Ela tinha um altar em casa, com todos eles, estatuetas representando seus santos de devoção, inclusive uma estatueta de São Longuinho.

Quando ela ficou doente eu empacotei toda a galera, inclusive os meus que ficavam junto, e guardei.

Nos últimos meses, bem sem grana, eu peguei uma das estatuetas de Santa Edwiges e fiz um altarzinho, e tenho pedido ajuda a ela. Mas ainda não achei grana escondida nas gavetas... Talvez minha fé seja menor que a dela (isso com certeza era), mas não me impediu de dobrar o joelho e fazer toooodaaas as orações que mandaram eu fazer para a sua recuperação, e também pela sua paz de espírito.

Não consigo ter essa mesma devoção que ela tinha... Então acho meio que hipocrisia pedir. Prefiro pedir pra quem eu acredito.

sábado, 3 de outubro de 2015

Uma semana.

A dor não ameniza, apenas vai e volta.

Vem forte, às vezes, com a lembrança dos últimos 4 anos. Porque eu saio de casa e lembro que não preciso mais me preocupar em voltar logo. Acordo de manhã (mesmo sem despertador, o relógio interno é preciso) e lembro que não, não preciso dar a alimentação dela pela sonda.

A morte da minha mãe me trouxe umas lembranças involuntárias, como quando meu pai se foi. A gente chegava em casa abrindo a porta devagar, pra não acordá-lo, até lembrar que não era mais preciso - ele não estava mais ali.

O alívio que veio quando ele se foi - estava muito doente e sofrendo demais - mas também o vazio que ele deixou, com sua presença vibrante e animada.

A saudade nos anos que se seguiram, tinha tantas coisas pra perguntar a ele, e ele nunca mais poderia me responder nada.

E agora, a mesma coisa acontece: tanto a dizer, tanto a conversar, e cadê ela? Tantos desenhos novos pra assistirmos juntas, tantas peraltices da Carol pra ela curtir, e ela não vai mais ver nada disso - não do meu lado, pelo menos.

Sem palavras pra definir a dor.

 Quanto tempo sem postar... Decepção atrás de decepção..  Com o governo, preciso falar? Lula voltou com sede de sangue, vingança...  Sul lit...