segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Hoje eu sonhei com você, meu amigo.

Um sonho tão estranho. Eu tinha voltado pro passado, e você foi a primeira pessoa que eu encontrei. De camiseta azul clara, com aquele jeito de sempre...

Demos um abraço e eu comecei a chorar, e você perguntou:
- O que aconteceu?
- É que eu estou feliz em ver você.

E eu queria falar pra ele que em 2001 ele ia sofrer um acidente fatal, mas como explicar que eu sabia? Como contar que eu tinha vindo do futuro? Ele ia achar que era brincadeira.
E aí eu acordei.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Funeral Blues


W. H. Auden

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.




domingo, 17 de setembro de 2017

Depois da Internet ficou muito fácil descobrir diversas coisas que antes, eram praticamente impossíveis.

Quando eu escrevi este post, ainda não havia descoberto a imensa SACANAGEM que a CBKC e a FCI haviam feito...

Um dia, resolvi jogar o nome do meu canil no google, como ele aparece no registro: Navarras, sem o 's.
Eis que surge um canil na Finlãndia, acho, com o nome Navarras, registrado desde 1992. Aquilo me deixou com uma pulga atrás da orelha, e eu joguei no site da FCI todos os afixos que tivessem Navarr no nome. Minha surpresa foi enorme ao ver que aquele papo de "nomes similares".

Tinha tanto, mas tanto afixo chamado Navarra que eu senti um desgosto enorme. Inclusive, descobri que meu canil não chamava Navarra's, nem Navarras, e sim BrasilNavarras.

Por isso, dei baixa no afixo e resolvi escolher outro.

Após dias e dias de buscas infrutíferas - descobri que criadores de cães são nerds ao extremo - achei um que me deixou satisfeita: Donderstorm.

Meu novo afixo se chama Donderstorm, e eu tirei de um livro do Sidney Sheldon.

"Kate levantou-se e principiou a mover-se para a porta, no momento em que explodia um trovão violento e a tormenta irrompia espetacularmente, a chuva incidindo nas janelas com a impetuosidade de rajadas de metralhadora. A família observava, enquanto a anciã alcançava o topo da escada com o aprumo habitual. Um relâmpago rasgou a atmosfera e soou novo trovão. Kate Blackwell voltou-se para os contemplar e, quando falou, empregou o sotaque dos antepassados:
- Na África do Sul, chamávamos a isto uma donderstorm."

(O reverso da Medalha - Sidney Sheldon)

De mãe para mãe

Primeiramente Fora Temer mostrarei a postagem que deu início a essa reflexão:
Taís Araújo e a filha que brinca de boneca.

Não entrarei aqui em detalhes sobre desconstrução de gênero e outras teorias sobre esse assunto. O texto abaixo é para, justamente, parabenizar a atriz.

Cara e bela Taís, parabéns por enfrentar essa crise de cabeça erguida!
Então, sua filha gosta de bonecas, princesas e vestidos rodados? Uau! Que surpresa!
Mas não é nada para que você se preocupe, são as surpresas da biologia.
A minha também, e, se você me conhecesse, saberia o quão estranho isso é.

Eu cresci brincando de fazendinha Gulliver e similares. Minha mãe já não aguentava mais me dar aqueles kits de bichos de plástico. Meu sonho de consumo era uma caixa grande de playmobil safári, ou circo, ou fazenda...  Nada que NÃO tivesse bichos me interessava. Até as minhas roupas.

Minha mãe era vaidosa, gostava de maquiagens, cintos, bolsas, sapatos, chapéus, vestidos... Eu adorava bermudas, calças jeans, mochila, tênis, camiseta. Odiava sapatos, bolsas, batons. Meu único interesse nos shoppings era a loja Bayard (preferencialmente a do Shopping Ibirapuera), que na época, vendia enforcadores e guias de adestramento profissional. Isso nos anos 80.

No dia a dia, depois da escola, eu brincava com os muitos amigos na rua. Só meninos, as meninas ficavam dentro de casa, não podiam sair e brincar conosco. O que elas faziam dentro de casa? Eu nunca soube. Isso, porque eu nunca fiz amizade com elas na infância, só com os meninos. Brincávamos de pega-pega, esconde esconde, pai da rua, bolinha de gude, pipa, pião, rodávamos o bairro como exploradores, dentro de enormes terrenos baldios que hoje são condomínios. A única coisa que eu não fazia era jogar futebol, eu era muito descoordenada.

Se eu tive bonecas? Algumas. A Gui-Gui, a Emília do sítio do Pica Pau Amarelo, algumas Susies herdadas, uma coleção imensa de fofoletes e uma Barbie, quando eu já era maior.
Minha vida eram sacolas e sacolas de animais de plástico.

Na escola, minha vida foi difícil, pois eu era "peculiar". Queria brincar com os meninos, mas eles não me aceitavam, afinal no recreio o jogo principal era... Futebol. E eu era péssima.
Aí eu tentava me enturmar com as meninas, mas era ainda pior! Eu não sabia brincar de boneca, fogãozinho, comidinha; não usava saias ou brincos, nem gostava de pintar as unhas; e, por ser descoordenada, nunca consegui aprender a pular corda. Mal conseguia pular amarelinha!!

As aulas de educação física, que eram divididas por sexo, eram um pesadelo, pois eu era ruim de vôlei, de corda e, sendo ruim dessas duas atividades, provavelmente era ruim de tudo. Ok, eu era razoavelmente normal em basquete e handball, e muito boa em queimada, mas isso não importava mais.
Eu era aquela que fica sempre por último na hora dos líderes "escolherem os times".
Eu, Taís, era aquela que se veste de menino pra dançar quadrilha na festa junina.

Não uma, nem duas vezes, eu quis ser menino na minha infância. Desesperadamente. Nenhuma menina que eu brincava entendia porque eu gostava tanto de um aviãozinho de plástico ou de um caminhãozinho cheio de bois.

Contrariando todas as expectativas, eu cresci hétero, consegui fazer as pazes com o meu cabelo, coloquei brincos e comprei uns batons. Nunca aprendi a cozinhar, a cuidar de uma casa ou ninar uma criança.
Arrumei alguém, tive uma filha. Lembra quando eu disse que não aprendi a ninar uma criança? Pois é. Eu passava horas sentada no sofá com a minha filha no colo, muda, parada.

- tem que balançar a criança! - me diziam. Sério?

Se dependesse de mim, Taís, minha filha nem teria bonecas, só bichos. Mas ela tem, muitas. Adora. Adora sapatos, roupas, maquiagem. Adora brincar de cozinhar. Adora bolsas, óculos de sol, chapéus. Ama se vestir de saias rodadas, ama as vitrines do shopping. Adora Rosa, lilás e vermelho.

E, ao invés de me perguntar "onde foi que eu errei", eu entendo - e aceito - que ela é um ser humano diferente de mim. Pessoalmente, eu acho que ela "vai sofrer menos" que eu.

Carol tem tantos bichinhos de pelúcia quanto bonecas ou panelinhas.
Isso não significa que ela não goste de Wolverine, Hulk e Tartarugas Ninja, tanto quanto gosta da Princesinha Sofia e Clube das Winks.

Aqui ninguém estressa com isso. Ela é o que ela é. Tem fases. Galinha Pintadinha, Peppa Pig, Princesinha Sofia, Kung Fu Panda.
Deixe sua filha ser o que ela quiser. Isso muda.

Só não entendi o porquê de não ter bonecas em sua casa, uma vez que você tem um menino mais velho e acredita que gênero é uma construção social... Nunca deu bonecas pro garoto brincar?

Abraço

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Falando um pouco sobre empatia. E se você não sabe o que é isso, fecha a aba do navegador e vai estudar.

Eu sou muito empática.
Sempre fui.
Virei esquerdista quando percebi que existiam pessoas que trabalhavam em dias de descanso.

Chorava de pensar em motoristas de ônibus ou frentistas trabalhando no Natal, com filhos esperando em casa.

Chorava de ver gente na feira, comprando pouco porque o dinheiro não dava.

Queria que existisse igualdade. Não era justo eu poder ir à um restaurante e outros não poderem; pior, porque eu, ao ir à um restaurante, tinha que ser "servida"? Morria de vergonha disso. Quem era eu, na fila do pão, para ser servida? Era mais que o garçon?
Eu morava em uma boa casa, tinha cobertores, comida e brinquedos, e via quantos não tinham, e aquilo me arrasava por dentro.

Daí veio a minha educação com pessoas que nos prestam serviços.
Sempre odiei gente que fala "não agradeço motorista de ônibus, frentista, garçon... eles são pagos pra me servir". Eu agradeço à todos. Qualquer informação que me dão, eu agradeço. Qualquer serviço que me prestam, eu agradeço, seja grande ou pequeno. Mesmo se feito de má vontade, agradeço - também de má vontade.

Com o tempo eu entendi que igualdade social só existe na cabeça das pessoas. Não existe igualdade social quando existem políticos na jogada.

Mas a empatia continuou. Não me sinto mais culpada quando sou atendida por alguém me prestando um serviço, em compensação sinto muita tristeza com desafortunados que perderam suas coisas em tragédias, ou perderam entes amados, ou animais de estimação, enfim...

Talvez minha empatia dependa da minha situação atual, não sei.

Por exemplo, eu não gosto de criança. Quando eu via uma notícia tipo "fulano matou uma criança" ou "espancou uma criança", eu sentia a raiva normal que a gente sente por esse tipo de atrocidade contra a espécie, afinal somos todos humanos.

Mas depois que eu tive a Carol, essa empatia cresceu e se tornou maior que eu.
Antes eu achava que quem comete um delito contra uma criança tinha que ser preso, hoje eu acho que tinha que ser morto.

Assistir vídeos de pais batendo em filhos, ver crianças na rua pedindo comida, ver mulheres pedindo dinheiro alegando que precisam comprar leite pros filhos, ver filmes em que a criança morre, enfim... Tudo isso me faz sentir um peso medonho de consciência, eu já imagino a Carolina, já penso em N coisas e pronto, fico triste, chateada.

Ver notícias como a dessa semana, em que uma pastora evangélica convenceu vários pais a trancafiarem e isolarem seus filhos (um casal até deu o bebê deles pra adoção) me enche o coração de ódio, a ponto de desejar que o Estado Islãmico venha e detone umas bombas nas igrejas do Brasil.

Assistir Stranger Things foi especialmente doloroso, por causa da situação da 11, do desespero da Joyce e da situação do Delegado Hopper, perder a filha pequena de câncer.

Ser mãe também nos causa empatia.
Perder alguém nos causa empatia.
De uns anos pra cá eu, que sempre fui chorona, piorei... rsss
Só não tenho dó de político.
Graças a Deus.

 Quanto tempo sem postar... Decepção atrás de decepção..  Com o governo, preciso falar? Lula voltou com sede de sangue, vingança...  Sul lit...