sábado, 10 de setembro de 2022

Prós e contras do remake de Pantanal: uma análise do perfil psicológico de alguns personagens e fatos

 Assistindo hoje alguns episódios da novela original ficou nitidamente clara a diferença do perfil não apenas psicológico, como de roteiro, apesar das novelas seguirem a mesma trama.

Iniciando pelo roteiro, para agradar ao LACRE da MILITÂNCIA. 

Ouso dizer que 90% das pessoas que assistem essa novela não sabem o que é uma comitiva, no sentido literal; pois uma vez eu vi uma reportagem sobre uma "comitiva" onde os "cowboys" alugavam um ônibus e iam pra balada se divertir. Pro sertanejo da cidade, pro esquerdinha caviar, isso é comitiva.

Comitiva é, na verdade, um grupo de peões que se junta para transportar uma grande quantidade de gado por uma distância x. Onde caminhões não passam, a comitiva leva a boiada. Onde o caminhão cobra 120 mil para levar 1000 cabeças, a comitiva cobra 30 ou 40 mil. Demora mais e muitos podem achar que o método caiu em desuso, mas na verdade a atividade está ativa, principalmente nos sertões do MT e PA. 

Por justamente demorar dias, uma comitiva precisa de um "cuca" - um cozinheiro - que sai na frente para arrumar a comida. O cuca acorda mais cedo e prepara o café da manhã, arruma as coisas e sai na frente pra onde vai ser o próximo pouso, num caminho previamente conhecido, com paradas específicas.
Pega água de bica ou de um riacho limpo, e quando a peonada chega no local com a boiada, a comida já está pronta. Novamente ele vai e, dessa vez, prepara a janta, no próximo pouso. 

Portanto, o cuca de uma comitiva não pode ser um zé ruela que não sabe o que está fazendo: precisa conhecer muito bem o caminho, ter noção da quantidade de comida que precisa fazer, quais alimentos não perecíveis levar, etc.

Na Pantanal original, foi negado o pedido do Zaqueu de ir na comitiva para buscar uma boiada. Nem como cozinheiro ele foi, e o motivo nem foi a capacidade dele como cozinheiro, e sim por causa dos dias em cima do lombo do cavalo - que não é brincadeira - durante uma jornada que não teria como socorrer o rapaz caso ele ficasse arriado. 

Na novela nova, negar algo ao Zaquieu atual é desagradar aos militantes chatos que não sabem ouvir um NÃO, então mesmo sendo um total novato no assunto, ao rapaz é dado sinal verde para que ele participe do evento e, claro, ele foi "um sucesso". 

Outro perfil irritante continua sendo da velha Mariana. 
Fria, soberba, sem um pingo de noção, Mariana não consegue ser carinhosa sequer com a única filha que lhe restou. Zomba agressivamente e faz pouco caso das crendices da filha, sem empatia alguma pela condição da mulher, que acabou absorvendo as crendices do "Cramulhão" e agora está tendo visões. 

A Juma continua agressiva - um pouco menos - mas sempre demonstrando ser mau humorada e sem educação, onde a outra, apesar de ser sim, bicho do mato, sabia reconhecer quando eram amáveis com ela. Essa Juma de agora é cansativa. 

Um ponto positivo foi o filho mais novo do Tenório, o Roberto, rapaz sensato e muito inteligente, que percebe que o pai não é flor que se cheire e acaba morto por isso pelo Solano, uma mudança até que aceitável na novela - o antigo Roberto foi morto pela sucuri e o pistoleiro do Tenório, chamado Teodoro, vê e nada faz... 

Mas poucas mudanças foram tão radicais quanto a da Filó e da Irma, a primeira completamente insensível à tudo ao redor, exceto ao Zé Leôncio e a segunda que alucinou completamente, numa excelente atuação da atriz, que inclusive virou meme e, agora, parou de tentar ajudar na casa, pois ia acabar se matando por completa inépcia.  



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