terça-feira, 20 de setembro de 2022

Prós e contras do remake de Pantanal: personagens da segunda família do Tenório e o pistoleiro

 Uma das tramas mais estranhas e mirabolantes de pantanal foi em volta de Tenório, o vilão, e suas duas famílias, compostas por Maria Bruaca e Guta - a oficial - e Zuleica com seus 3 filhos em São Paulo: Marcelo, Renato e Roberto. 

Renato (Ernesto Piccolo), Zuleica (Rosamaria Murtinho), Tenório (Antonio Petrin), Marcelo (Tarcísio Filho) e Roberto (Eduardo Cardoso, à frente)

Uma história cheia de baixos que toma-se conhecimento logo no inicio da segunda fase, quando Guta conta para Jove que descobre de forma traumática que seu pai tem uma segunda família - ela está prestes a entrar num motel com seu meio irmão Marcelo, quando um golpe de sorte faz os funcionários pedirem os documentos dela e eles descobrem que são irmãos. 

No remake, modificaram um pouco esse início. Durante uma festa na república de Guta, ela conhece Marcelo, ambos ficam horas conversando, rola aquela conexão, mas num momento em que ele sai de perto e esquece o celular, este toca e aparece a foto do Tenório e embaixo escrito "pai". 

Guta não confronta o rapaz e foge. 

Maria Bruaca descobre logo no início, ouvindo pela porta uma conversa entre a filha e o marido, e fica revoltada, ao descobrir que foi traída durante tantos anos. Começa a se envolver com os peões e acaba tendo um caso com Alcides. 

Zuleica, que sempre soube ser a amante, quando Tenório e Bruaca chegam às vias de fato e o homem coloca a esposa para fora, e por pressão dos filhos, acaba por se mudar para o pantanal.

Embora sinta-se culpada por estar usurpando o lugar de Maria, Zuleica tenta fazer o melhor possível diante da cozinha e dos instrumentos arcaicos da fazenda - sem aparelhos elétricos que facilitem a vida, usando fogão à lenha, ferro à carvão e sem máquina de lavar, algo com o qual estava acostumada em São Paulo.

Marcelo (Lucas Leto), Roberto (Caue Campos),  Renato (Gabriel Santana), Tenório (Murilo Benício) e Zuleica (Aline Borges)

O maior problema, ao meu ver, e isso fica claro, é a mudança que se opera em Tenório ao chegar ao meio rural: o homem educado e compreensivo que ele era na cidade, começa a mostrar seu verdadeiro lado na fazenda.
Em ambas as versões isso continua igual: a teimosia e a imbecilidade do homem em se recusar a perceber que o errado ali era ele, justificando-se e arrumando mil desculpas para seu comportamento horrível.

O que mudou - e ficou sem sentido - foi a pseudo independência da nova Zuleica (uma enfermeira com ótima carreira que diz ser totalmente independente do "marido") que, de repente, virou bruaca - talvez procurando redenção ao se mudar para a fazenda e assumir as tarefas da outra. Tenório algumas vezes fala que sustenta "duas famílias" e, de repente, não, diz que todos lá estudam e se viram.
Embora isso tenha existido na novela antiga, é fato que Tenório comprou o apartamento de SP para a amante e ajudava nas contas, algo que a Nova Zuleica diz que ele nunca fez, que ela inclusive pagou o apartamento ao amante. 

A outra parte da história, quando Tenório descobre que Guta está grávida de Marcelo e pensa que ambos estão em pecado, Zuleica conta então que Marcelo não é filho dele e sim de um estupro vivido por ela antes de conhecê-lo - isso na novela antiga. 
O remake também deixa a história confusa, pois se antes, Zuleica era estuprada e logo em seguida conhecia Tenório, já grávida, agora Zuleica JÁ ESTAVA ENVOLVIDA com Tenório e eles estavam "dando um tempo" quando acontece o estupro e Tenório, que seguia Zuleica, interfere em uma das tentativas de ataque do médico estuprador, e então eles voltam o relacionamento... 
Como ela pode garantir que a gravidez não foi do Tenório?

Enfim, eu estou sendo detalhista demais. 
Teodoro por Fausto Ferrari
O fato é que essa parte ficou boa em ambas as tramas, numa interpretação incrível tanto da Rosamaria Murtinho quanto da Aline Borges. Aline está até melhor que Rosamaria, quando perde Roberto as cenas de desespero de Aline foram viscerais, talvez para compensar a INEXPRESSIVIDADE do nosso querido Murilo Benício!!!

A parte desagradável ficou por conta do Renato, o filho escroto em ambas as versões, mesmo sendo o remake uma
clara lacração afro (papai não leva a gente pra fazenda por sermos negros, papai não gosta da gente porque somos negros), onde uma família tão consciente consegue ter um garoto tãããão escroto quanto ele. 

Roberto, o menino mais novo, é muito melhor na nova versão: percebe que o pai não é boa bisca.
começa a investigar a vinda do peão pistoleiro e, sem querer, chega perto demais. Solano, o matador contratado por Tenório no remake (que se chamava Teodoro na original) afoga o garoto no rio e joga a culpa numa sucuri. 
O corpo é encontrado sem marcas e ele sustenta a história, embora não saiba explicar a ausência das mordidas da suposta sucuri. 
Solano por Rafa Sieg

Na trama original, quem mata Roberto é uma sucuri: aproveitaram as cenas reais de uma enorme serpente encontrada com um ribeirinho no bucho e colocaram na história.

Marcelo e Guta, eu sou suspeita pra falar, mas não gostei de nenhum deles. Eu gostava bem mais do casal antigo, sempre fui fã do Tarcisinho. 

E a praga do Renato, escroto na versão antiga, escroto na versão moderna, como tinha que ser, claro. 
Na verdade esse foi um dos poucos núcleos da novela que o remake ficou tão bom, senão melhor que o original, pelo menos a Zuleika, o Roberto e o renato, a meu ver, não deixam a desejar e em certas partes até superam. 

Sobre o pistoleiro, nada a acrescentar. Ambos ficaram bons no papel, a diferença está na mudança da trama, onde Solano mata Roberto e o Velho do Rio tenta salvá-lo e Teodoro que vê a morte do menino e não mexe uma palha pra ajudar. 

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