segunda-feira, 28 de maio de 2018

Quando minha mãe teve o AVC e depois de 10 dias, conseguiu vaga no SUS, o que eu mais ouvia era: "precisa fazer tal procedimento, mas tá em falta".
O neuro me explicou, depois, que as sequelas que ficaram nela não foram (só) por causa do AVC, mas principalmente pela demora em colocar uma válvula e drenar a água do cérebro, uma hidrocefalia que ela teve depois. Por causa disso ela passou os próximos 4 anos acamada em estado vegetativo.
"Precisa fazer um exame, mas não temos como fazer nesse hospital e não dá pra levar de ambulância pq ela não aguenta a viagem", "temos que fazer tal medicamento, mas não temos no momento, esperando chegar, já fizemos o pedido", "estamos esperando a visita do infectologista pq a infecção da sua mãe está muito resistente", "precisamos colocar uma sonda na sua mãe mas o responsável precisa assinar o pedido, tem que ver se vai ser aprovado pq é uma sonda Tal e custa caro".
A tal sonda custava menos de 50 reais, e eu me ofereci pra comprar, PELO AMOR DE DEUS, e eles disseram que o SUS não aceita esse tipo de conduta.
E eu esperava, vendo minha mãe piorar ou melhorar conforme as coisas iam chegando. E eu rezava. Nunca rezei tanto na minha vida.
Na época, não teve greve de caminhão... Teve, sim, e eu não estou falando especificamente da minha cidade, superfaturamento de remédios, de material, desvio de verbas que deveriam ser pro SUS, isso sim, sempre teve e vai continuar tendo.
Então, o próximo que vier me falar "e se fosse um parente seu no hospital esperando chegar um medicamento", eu vou perguntar se essa pessoa já ficou dependente do SUS muito tempo ou se ela tem convênio médico.

Fiz esse texto para comentar sobre a greve dos caminhoneiros que já dura 7 dias. 

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