terça-feira, 26 de outubro de 2010

Essa noite sonhei com o Pango - o segundo filho da minha saudosa Medalha.

Ele nasceu dia 2 de outubro de 1985.
Era um cavalo enorme, castanho, que foi esbranquiçando com o tempo, cor herdada da parte appaloosa do pai (Minuano era meio appaloosa, meio mangalarga).

Como era um cavalo muito, muito grande e como sempre morou na fazenda do Tio, continuou inteiro até a velhice, mesmo depois que eu tirei ele de lá e trouxe pra morar comigo, em mil pastos alugados e emprestados.

Cheguei a leva-lo pra Andradina, onde me deram hospedagem, numa viagem cansativa, perigosa e frustrada.

Sua última morada foi na fazenda do Alexandre, meu veterinário e amigo, que gentilmente hospedou-o lá.
Ele deve ter tido vida de rei, porque ficava no meio das éguas, só cobrindo. Infelizmente ele teve uma mácula em sua vida: matou uma égua, não soubemos o porque.

Anos depois eu soube que morreu de uma picada de cobra.
Ele deve ter morrido com uns 13 anos, acho. Não marquei a data. Nunca marco a data que meus animais morrem. Acho deprimente.

Sua irmã mais nova, Califórnia, mãe da Cigana, morreu em 2007. E sua irmã mais velha, Frufru, fez 28 anos dia 22 de outubro desse ano.


Era um cavalo manso, mesmo por ser inteiro, um bom garoto, manso e de confiança. Não dava coices, era macio e não era ruim de boca nem de gênio.
Fácil de controlar, tinha uma força gigantesca pra segurar um boi (ele foi usado na lida de gado da fazenda durante anos).
Passei o dia saudosa. Não sei porque sonhei justamente com ele, que ficou tantos anos afastado de mim. Talvez essa idéia que eu estou tendo de tirar uma potra da Cigana pra guardar o sangue esteja mexendo mais comigo do que eu imaginei.

Meu sonho de ter uma filha da Frufru foi por água abaixo a uns 4 anos atrás. Só sobrou a Cigana pra continuar a "Dinastia Medalha".
Só que ninguém entende isso.
Porque acasalar uma égua como a Cigana se eu posso comprar a égua ou o cavalo que eu quiser?

Ninguém entende que não é a aparência que conta, é a linhagem, é o sangue dela que me interessa!
É da família!!
É como ver secar algo que eu cultivei durante quase 30 anos.

Como abrir mão disso??

Um comentário:

Delafonte disse...

Bravo. Os cavals são seres mágicos mesmo. Engraçado como nós estamos tão perdidos na selva de pedra que esquecemos que um mundo de prados com a silhueta de cavalos e seus caveleiros se perdendo no horizonte.

Anos de Brasil em poucas linhas

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