sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mafalda, minha doce avó, que ajudou a me criar, que sempre tinha um sorriso e uma palavra boa sobre todo mundo, faleceu essa segunda feira, dia 23/02.

Ela já não era mais aquela avó do qual eu me recordava, ativa, sempre fazendo um bolo, arrumando a casa, fazendo comida, vendo TV. Ia fazer 4 anos deitada numa cama, já não reconhecia ninguém nem se lembrava dos filhos, netos... Era esperado seu passamento...

O que valeu a pena foi ter visto a família de novo, os pais da Marinez, a Giulia e a Bel, o Oscar, Rodrigo e a D. Ana, Vera, Paola e Patrícia, Ricardo, Nê e os 3 filhos...
E, na volta, passamos por Catanduva e ainda vimos Tio Poli, Carla, Ana Clara, Gleison, Telma e Tia Ara e Tio Mané.

O problema dos funerais é que quando o pessoal se reúne, sai merda. Só demos risada, ou porque precisava exumar alguém enterrado ("quem será que está nessa gaveta?", "se eu soubesse, tinha trazido um saquinho de casa"), ou porque o jazigo precisa de reforma ("poderíamos fazer tudo de mármore, a gente vende as placas de bronze, dá uma nota, paga a reforma e ainda sobra dinheiro"), ou mesmo quando vimos os ossos dos já exumados ("esse cabelo eu tenho certeza que é da Tia Iolanda, olha, loirinho", "onde tá a perna do Adelcio, tá no ossário ou colocaram em uma urna*?").

Quando cogitamos exumar o Márcio - meu pai - e colocar seus ossos no saquinho, e não em uma urna, eu disse:

- Mas como, vocês vão colocar papai, o irmão de vocês, num SAQUINHO?? Larga de serem mãos de vaca, coloquem em uma urna!!

Bel e Ricardo olharam pra mim e disseram:

- Verdade, era seu pai né? Então vai, paga aí!!
- Quanto é a urna, 33 reais? Eu pago!
- Nããão, paga a exumação, 230 e pouco, toda a família está em saquinho, porque logo o Márcio tem que ser o diferente??
- Pensando bem, deixa ele lá...

Mas o túmulo dele foi lacrado, e tem todo um procedimento especial pra abrir gaveta lacrada, abre, joga cal, espera um tempo... Ou então, espera dar uns 20 anos (que é ano que vem) e já abre direto... Vai entender...

Aí fomos ouvir as últimas palavras do sacerdote... Ele falou, falou e, no fim, cantou:

Com minha mãe estarei, na santa glória um dia.
Junto a Virgem Maria, no céu triunfarei,
no céu, no céu com minha mãe estarei.
Com minha Mãe estarei, mas já que hei ofendido
a seu Jesus querido as culpas chorarei.
No céu, no céu com minha Mãe estarei.
Com minha Mãe estarei, Unindo-me aos anjos,
no coro dos arcanjos
sua glória cantarei,
No céu, no céu com minha Mãe estarei.


Não teve um - eu, Meyre, Ricardo, Bebel, Paola, Patrícia - que não tivesse que segurar o riso. O problema é que meu pai, quando vivo, sempre chegava nas festas, abraçava minha vó e cantava "no céu, no céu com minha mãe estarei, no céu, no céu com minha mãe estarei!!", e minha vó sempre reclamava disso!
Definitivamente não teve como não rir nessa hora... Rir e chorar, de saudade, de recordar as festas animadas que sempre fazíamos e de todo um passado de momentos alegres...

E agora, pensando bem, não sei se foi só uma coincidência o padre ter cantado essa música ou se "alguém" deu uma sugestão no ouvido dele, pra dizer pra nós que tinha gente ali recebendo a Má e que ela estaria amparada pelos filhos (Márcio e Rosa Maria).

Eu prefiro acreditar na última hipótese...

* Adelcio era um primo que amputou a perna, a qual foi "enterrada" no jazigo da família - antes dele, que faleceu em 2007. Alguém sabia que membros amputados eram enterrados?? Para mim, foi uma tremenda novidade!!

Um comentário:

Paulo Otah disse...

que pena maetê, eu lembro da mafalda daquela vez q vc salvou minha vida, era uma pessoa doce, simpática.
as vezes eu paro pra pensar, e chego a conclusão que a vida nada mais é do que uma preparação para a morte, seja dos outros, ou a nossa propria, isso faz parte da gente.

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...