Fui para Rio Preto quinta feira, levar o César para pegar o avião para Brasília, com seus novos donos.
Fomos eu, Fabio e Flau. O Flau precisava deixar uma churrasqueira na casa da ex dele, que fica no bairro Solo Sagrado, do ladinho da Vila Burghese.
Quase não acreditei quando ele fez o caminho que eu fazia pra ir na casa do F... E tem gente que acredita em coincidências!

Lembranças? Muitas. Parece que eu não consigo viver sem sentir uma parcela de sentimento estragado.
Quando eu divago, só lembro dos bons momentos e do que poderia ter sido.
O problema é que o que "poderia ter sido" nunca seria como eu penso. Porque eu criei uma ilusão e uma expectativa de um comportamento que ele NUNCA terá, nem comigo, nem com ninguém. Chego a achar que, comigo, é pior.
E aí começo a ver o lado ruim: nunca respondeu um e-mail, não tem consideração, sempre me colocou pra baixo. Sempre aquele mesmo papo de nunca querer nada sério (pra mim, lógico), não conseguir ser carinhoso e sempre falar que não me deve satisfação de nada (e não deve mesmo).
Ou seja, usando um vocabulário objetivo, "eu só sirvo de estepe, marmita".

Eu sou uma mulher inteligente. Sempre fui, graças a Deus. Faltou-me, ocasionalmente, capacidade de discernimento que me fizesse perceber o quão infeliz eu seria ao lado dele. Achei que, mesmo sendo infeliz, nós precisávamos de uma chance - e ainda acho isso.
A certeza que temos uma dívida espiritual entre nós me faz pensar que ainda não foi nessa vida que acertamos nossos ponteiros.
Porque, agora, não tem mais volta. Como eu disse, eu sou uma mulher inteligente, e uma mulher inteligente jamais trocaria o certo pelo duvidoso.

Meu post de janeiro tem frases que me fizeram perceber a realidade do que eu estava vivendo.
Fabio é a porta que Deus me abriu, quando fechou a janela. Se eu não valorizar isso é porque não mereço.
Não vou falar aqui que ele é perfeito - não sou nenhuma Alice, que acha que vive no país das maravilhas! Ele tem defeitos como todo ser humano. Mas tem atitudes que eu sempre quis em alguém. Ele me dá satisfação de tudo que faz, me ajuda, cozinha, é carinhoso (inclusive em público) e tem planos pro futuro.
Minha mãe, um dia em que estávamos sozinhas em casa, disse que havia reparado no quanto ele é amoroso, abraça, beija, faz carinho. E perguntou:
- Lembra de ter visto seu pai me abraçar assim alguma vez? Que casal você conhece cujo marido seja assim?
Confesso que, recordando, a balança pendeu pro lado negativo. Minha psicóloga confirmou e eu tenho percebido que homens são, realmente, bem parecidos. Assim como nós, mulheres, temos atitudes ilógicas. Isso também é igual em nós.
Tem horas que fico sem graça, porque ele fala "te amo" sempre, e eu não consigo retribuir a frase. Ele percebe, lógico. No desfile do rodeio, disse: "fala que me ama, mesmo que seja mentira?".
Prefiro mostrar meu sentimento com atitudes. Só não sei se tenho conseguido ou se tem sido suficiente.
Estou lidando com a situação como se ele sentisse o mesmo que eu - como se ainda gostasse da ex, como eu gosto do outro. E esse é um erro que eu não posso cometer. A anos eu não fazia isso, achar que só porque eu sinto algo, ele também sente!
Fico receosa quando ele conversa pelo telefone com a ex, mesmo estando do lado dele. Talvez esse medo venha por mim, não por ele. Porque eu ainda converso com o F... e ainda sinto a perda.
Mas não vou deixar de conversar normalmente com ele. Se acontecer isso, como foi nos anos em que ele estava casado, o sentimento só fará crescer. Tendo uma "convivência" com ele, eu acredito que o sentimento diminuirá com o tempo.

Tudo que aprendi com os relacionamentos anteriores e alheios tem me ajudado com esse. Se estamos numa festa com amigos, ele não precisa ficar grudado em mim o tempo todo - já passamos a noite e boa parte do dia juntos. Mesmo que não fosse assim, ele não pega no meu pé, porque eu pegaria no dele?
Nós não somos um, somos dois. Duas pessoas com sentimentos e atitudes diferentes. Esse papo romântico e piegas de que um casal se torna um só é lixo sentimentalóide. Acreditar nisso é se frustrar, porque o outro não vai suprir sua expectativa.
Não é porque ele ouve sertanejo que eu tenho que ouvir. Não é porque eu gosto de ler que ele tem que gostar.
Ele tem que ter um tempo pra ele, assim como eu tenho que ter um tempo pra mim.
Não espero dele atitudes românticas (embora ele as tenha), cartas de amor, torpedos. Mais da metade dos créditos de bônus do celular dele são gastos comigo, pra que mandar torpedos? Pra satisfazer um ego romântico infantil? Não seria mais babaquice minha?
Não fico no pé dele com neuroses, porque nossa confiança mútua basta. Se ele fala que vai no rancho dos amigos, nem passa pela minha cabeça ficar pensando que ele pode ficar com alguém, mesmo que tenha mulher junto. Ele me passa segurança. Sei que ele não vai pular a cerca, não vai sair com ninguém enquanto eu estou na faculdade ou quando viajo.

Minha insegurança em relação a ele é só com a ex. Não dele voltar pra ela, mas ou dela voltar pra Birigui e infernizar nossa vida ou dele ir visitar a filha e ela dar em cima. Afinal, ex é ex, é mãe da filha dele, foram casados por 5 anos.
Tenho medo que ela perceba a grande bobagem que fez, ao deixar um homem como ele escapar.
Ela ainda não sabe que ele está morando com alguém, sabe apenas que ele está "namorando sério", que foi o que ele contou.
Mas eu sinto, aqui dentro, que ela não acreditou nele, acha que ele falou isso só para provocá-la.
Ela tem certeza absoluta que ele ainda gosta dela. Ela crê que ainda possui controle absoluto sobre ele e sua mãe. E seu pensamento negativo é tão forte, que eu prefiro que ele não fale de mim. Ainda não.
Como eu sei disso? Por atitudes, conversas ao telefone, no msn, palavras que ela disse... Ela é do mesmo signo que eu e, muitas vezes, eu consigo lê-la como a um livro.

Mas meu aprendizado agora é esperar e aproveitar. E esquecer. Valorizar o que eu tenho na mão, não o que está voando e nunca vai pousar nos meus dedos.

Estou ouvindo Eagles - Dust in the Wind.