quarta-feira, 8 de setembro de 2004

De sábado pra cá eu nem quis ligar o pc, não tive nem um pingo de vontade, mas era isso ou ficar pensando em um dos piores dias da minha vida.

Tudo porque sábado, dia do IRcontro, eu atropelei um menininho de 2 anos.

Não tem muito o que contar, eu ia levar os copos pro clube e estava descendo a rua devagar, porque estava cheio de criança brincando. Diminuí mais a velocidade, mais crianças... No terceiro quarteirão, ou seja, na esquina de casa, um povo começa a gritar do lado direito da rua, o que me distraiu e olhei para eles, ao invés de olhar para o lado esquerdo, a criança correndo e atravessando na minha frente.
Freei com tudo, mas a saveiro derrapou e pegou o menino. Foi tão de leve, digamos assim, que ele bateu e caiu, nem foi atirado longe. Fiquei com medo de ter passado em cima. Nossa, foi tão rápido! escutei um grito: a criança morreu, ela matou uma criança.

Aquilo me deixou em choque, pensei: Meu Deus, isso não pode estar acontecendo comigo, eu não posso ter feito isso. A mãe já levantou a criança e queria correr sei lá pra onde, eu disse, "entra logo aqui, vamos pro hospital".
Fui pra Unimed, o atendimento da Santa Casa poderia ser demorado e eu teria de fazer BO, o que não se encaixava nos meus planos, já que minha carteira está com tantos pontos quanto uma cartela de bingo premiada.
Tudo particular. Raio X, internamento, consulta médica, tomografia. Essa última tirada num sábado de madrugada, disseram para mim que esses são os piores horários, pois sobem os preços.
O anestesista que nos atendeu? Luis Eduardo Nunes Estrada.

- Você é o quê do seu Estélvio?
- Sobrinho.
- Ahh, então você é primo do Jorge, do Maurício, do Thyago, do Zé Emílio, da Karyn, do Sarney... Nossa, a família Estrada é grande heim? (sorrisinho simpático).
- Hehehe, é, é sim... hum... Precisa de uns dias no cheque?
- Puxa Dr. Estrada, se o senhor puder nos fazer esse favor...

São as grandes ironias de Deus para comigo... Já estou acostumada.

Enfim, GRAÇAS A DEUS o molequinho não teve nada na cabeça, só quebrou a perna. Foi transferido para a Santa Casa, quarto particular, claro. Meu Deus, obrigado por eu ter dinheiro para pagar o que for necessário pro garoto. Porque aí, entra a consciência: e se fosse comigo? com um primo? parente? e se mais tarde eu tiver filhos e isso acontecer e ele não receber atendimento?

A vizinhança decidiu julgar e condenar, além de inventar histórias: sou a vadia da rua, dou pra vários homens na frente de casa (alguém me explica o que isso tem a ver com o fato??). Logo eu???? Eu que mal posso sair na frente de casa que o vizinho crente olha feroz e grita "ALELUIAAA"!!! Logo eu que tenho carro e dinheiro para ir ao motel? Ou mesmo fazer isso aqui dentro de casa?? Tentei me lembrar de alguma situação que poderia ser encarada como sexo explícito na frente do portão, mas não consegui...
Nem festas eu dou aqui, são apenas reuniões de amigos!!
Minha mãe desanimou muito com tudo isso... Parece que nem quer saber de eleições.

Quanto a mim... Cheguei a sonhar que estava atropelando a Sarah (filha mais nova da Cecília) e acordei nervosa, segurando a grade da cama com força.
Nem a leitura, minha melhor companheira de todas as horas, conseguiu me fazer esquecer a cena grotesca que é ver um atropelamento. A sensação de impotência, as imagens quadro a quadro e os mórbidos pensamentos do que poderia ter acontecido se eu estivesse correndo mais...
Só teve uma coisa até agora que conseguiu varrer o episódio da minha mente. E eu tive tantas esperanças desse ano ser diferente... Estou tendo de voltar ao começo... :/
Pedi tanto pra nunca me envolver em um acidente assim... Tanto...
São coisas que acontecem, mas... preferia que não tivesse sido comigo...

Estou ouvindo Brian Adams- I'll be right there Waiting for you.

Nenhum comentário:

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...