quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

A saudade cobre a pele como uma fina camada de perfume, leve, aroma suave, não com aquele odor adocicado, insistente, marcante, apenas uma tênue impressão.
Saudade de verdade veste a gente, cobre partes da pele deixando-a morna e emborrachada, como aquelas roupas de mergulho, rente a pele, como nos anfíbios.
Dorme e acorda com a gente, fecha os olhos quando fechamos, abre quando abrimos, tem vontade própria, e como é tão cheia de vontades! Reclama presença, perfume, foto no álbum de lembranças, aquela aliança dourada no porta jóias...
Saudade, de tão intensa até machuca, arranca pedaços, às vezes do coração, as vezes da auto-estima, lágrimas talvez¿ Arrancadas a plena revelia de nossa vontade, assim, rolando no rosto aos montes, em pares.
A verdadeira saudade só a entende quem já a sentiu, e falar de saudade com quem a confunde com mera "falta", bem, nem mesmo vale a pena.
Minha saudade é única, assim como a sua, é incomparável, ninguém jamais a definirá em palavras tão exatas como as minhas, assim como a epiderme de minha alma nua, que só a mão de minha vontade libera ao toque.
Hoje fecho-me a verdadeira saudade, dela já sei quase tudo, porque a experimentei quase ao limite, e só não cheguei ao solitário vão do absurdo porque em meio ao pesadelo louco do devaneio, despertei para à vida.
É tempo de despertar e não vejo momento mais propício que este, em que todos os apelos ao redor são para renovação e renascimento.

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