terça-feira, 19 de setembro de 2006

Peão
Renato Teixeira e Almir Sater
Trilha sonora da novela Fera Radical (1988)

Diga você me conhece
Eu já fui boiadeiro
Conheço estas trilhas
Quilometros, milhas
Que vem e que vão
Pelo alto sertão
Que agora se chama
Não mais de sertão
Mas de terra vendida
Civilização

Ventos que arrombam janelas
E arrancam porteiras
Espora de prata riscando as fronteiras
Selei meu cavalo
Matula no fardo
Andando ligeiro
Um abraço apertado
Um suspiro dobrado
Não tem mais sertão

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue seu destino boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira, a noite
Redes no galpão
O paiero, a moda,
O mate a proza
A saga a sina
O causo e onça
Tem mais não

Oh peão

Tempos e vidas cumpridas
Pó poeira estrada
Estórias contidas
Nas encruzilhadas
Em noites perdidas
No meio do mundo
Mundão cabeludo
Onde tudo é floresta
E campinas silvestres
Mundão caba não

Sabe que prum bom viajante
Nada é distante
Prum bom companheiro
Não conta dinheiro
Existe uma vida
Uma vida vivida
Sentida e sofrida
De vez por inteiro
E este é o preço de eu ser brasileiro

Atrás Poeira
Ivan Lins, Sá e Guarabira
Trilha sonora da novela Ana Raio e Zé Trovão (1990)

Ele pegou um baio
E como um Raio
Sumiu no atalho
Na algibeira
Tinha um retrato
E um Baralho
Na frente nada
Atrás poeira
Atrás porteira
Atrás da Rita
Que Anda bonita
Que anda bebendo
Que anda correndo
Atrás do tempo
E dos rapazes
Que eram capazes
De ir a fundo
Te dar o mundo
Te dar o brilho
Que as mulheres
Tem Quando casam
E lhes dão filhos
Tava perdido
Mas é sabido
Que nessas horas
Só os amigos
São quem socorre
José de porre
Tá de malfeito
Antonio morre
Daquele jeito
Tão novo ainda
Deixou Benvinda
Que era linda
Pro Zé Calixto
Que era mal-visto
Por todo lado
Ladrão de gado
Ganhou dinheiro
Virou posseiro
Montou garimpo
E anda limpo
Perdeu o cheiro
Que tem os homens
Quando trabalham
E na Tocaia
É o que se fala
Aquela bala
Era pra ele
Não pro parceiro
O violeiro
Que andava a esmo
E era mesmo
Bom companheiro
E já que agora
Tá tudo fora
Tudo partido
E sem sentido
Não tem sentido
Ter na algibeira
O seu retrato
E o seu baralho
É ele o baio
E nada mais

Quem saberia perder
Ivan Lins, Sá e Guarabira
Trilha sonora da novela Pantanal (1990)

Desde pequeno eu estou por aqui
Na mesma vida que sempre aprendi
Bicho de rio e de mato
Peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vento, voa tempo, voa

Um cavaleiro na estrada sem fim
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo, voa

Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido

Oooô ooô
Quem saberia perder

Triste Berrante
Sérgio Reis, Solange Maria e Adauto Santos
Trilha sonora da novela Pantanal (1990)

Já vai bem longe este tempo, bem sei
Tão longe que até penso que eu sonhei
Que lindo quando a gente ouvia distante
O som daquele triste berrante
E um boiadeiro a gritar, êia!
E eu ficava ali na beira da estrada
Vendo caminhar a boiada até o último boi passar
Ali passava boi, passava boiada
Tinha uma palmeira na beira da estrada
Onde foi gravado muito coração
Onde foi gravado muito coração
Lá, lá lá iá lá iá....

Mas sempre foi assim e sempre será
O novo vem e o velho tem que parar
O progresso cobriu a poeira da estrada
E esse tudo que é o meu nada
Eu hoje tenho que acatar e chorar
Mas mesmo vendo gente, carros passando
Meus olhos estão enchergando uma boiada passar

Tocando em frente
Almir Satter e Maria Bethânia
Trilha sonora da novela Pantanal (1990)

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Cantar
Godofredo Guedes, Sílvia Patrícia e Caetano Veloso
Trilha sonora da novela Pantanal (1990)

Se numa noite eu viesse ao clarão do luar
Cantando
E aos compassos de uma canção
Te acordar
Talvez com saudade cantasses também
Relembrando aventuras passadas
Ou um passado feliz com alguém
Cantar quase sempre nos faz recordar
Sem querer
Um beijo, um sorriso ou uma outra ventura qualquer
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora
A saudade que mora no meu coração

Esse Mundo
Cilmara Bedaque e Vange Leonel
Trilha sonora da novela Perigosas Peruas (1992)

Bem-vindos, bem-vindos aqui
o trem já vai partir
desarmem suas tendas
temos muito a descobrir
Não há um lugar no mundo
onde não podemos ir.

Bem-vindos, bem-vindos aqui
O trem já vai partir
peguem suas máscaras
nós vamos por aí
mostrar como somos tolos
e como podemos nos divertir

Não vamos ter medo só porque
podemos pintar o rosto

Esse mundo vai nos ver brincar
Esse mundo vai nos ver sorrir
Esse mundo vai nos ver cantar
Esse mundo vai nos ver dizer

Bem-vindos, bem-vindos aqui
esqueçam suas mágoas
e tudo o que não vai servir
não importa se somos poucos
não precisamos mentir.

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Essas músicas, junto com algumas outras, são aquelas, sabe-se lá porque, que marcaram minha vida para sempre.

Quem não tem essas músicas na cabeça? Quem nunca teve uma música que ficou entranhada no meio das mais confusas, longínquas e dispersas emoções?

Você nunca conseguirá esquecer sua letra, por mais que o tempo passe. Elas trazem recordações vivas, tristes ou alegres, conforme tocam seus acordes, e você pára tudo que estiver fazendo, para apreciá-la.
Mas na verdade, você não está realmente prestando atenção em sua letra ou seus acordes, você está com a cabeça no passado, recordando...
Porque a música fez uma âncora com aqueles sentimentos que ficaram lá atrás, e é deles que você lembra.
Sensações, pessoas, cenas e cheiros, tudo volta à memória, não?
Como era, como foi, o que poderia ter sido, ou simplesmente algo tão inusitado, que ficou lá, marcado na gaveta brumosa dos seus pensamentos.
E, se a emoção for grande e as lembranças fortes demais, quem sabe uma delas não deixará seus olhos marejados por alguns instantes, enquanto seu coração permanece inundado de sentimento represado?

Pois é...

Estou ouvindo uma dessas aí...

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