quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Morrer?!

"Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos.
Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena.
Mas nada acontecia, era só dor e a perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam.
A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre.
Como assim? E os e-mails que você ainda não os abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? E aqueles momentos com a namorada que ficaram pra depois?
Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco de quê?
Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão entre carros, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.
Qual é?! Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida, sem ter dito EU TE AMO pra quem você queria. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal.
Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: "das minhas coisas cuido eu".
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se você faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério?
Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia. Ok! Hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo?
Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
POR ISSO VIVA TUDO O QUE HÁ PRA VIVER.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da vida...
Perdoe... sempre!!!"

*Texto de Pedro Bial
PS: texto editado pelo menos 4 vezes para caber na formatação do blog.
PS²: Não é mensagem subjetiva pra ninguém, eu recebi por e-mail, achei bonita e resolvi colocar no meu blog.

2 comentários:

Ruth Miyuki Horie disse...

Puxa Maetê, eu li de cabo a rabo achando que tinha sido vc quem escreveu ... tem a sua ´cara´! Vê se pq eu confundi né? De qualquer modo, muito bom de se ler. Morrer ... já pensei em minha morte por diversas vezes, já me vi levando tiro, desmaiando após um ataque cardíaco fulminante, sendo atropelada, tomando vidro inteiro de anfetaminas mas ... engraçado, acho que sou vaso ruim mesmo. Tenho a leve sensação de que vou ser aquela velhinha chaaataaaa, mas sempre modernosa (de calças jeans e tudo!), de bengala chic, óculos (isto já é fato), olhar de sábia, cada vez falando menos e pensando mais (este é o lado bom da maturidade - a gente pensa mas não fala - hihihi!!!!), um cachorro abanando o rabo pra qualquer carinho na cabeça, e aí, um belo dia, morrer ... dormindo, sonhando! Esta é a maneira certa de se morrer: sem dor, sem ansiedade, sem saber que vai morrer! Que bom seria se fosse assim com todos! Bjs.

Maete Liv disse...

hum... sabe que eu, que também já pensei nisso, me vejo coroa usando havaianas?? kkkkkkk

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...