segunda-feira, 17 de maio de 2004

Queria um livro que durasse a vida inteira.

Porque ás vezes eu começo a ler algum livro, gosto demais da história e quando me dou conta, ele já acabou.
Entro naquele personagem, durmo com ele, como com ele, sinto suas dores, me delicio com suas vitórias. Quando o livro acaba, sobram apenas lembranças de uma vida que eu vivi fora da minha, conheci novos lugares, viajei no tempo e me senti outra pessoa.

Talvez a irrealidade dessas histórias me faça refletir no que eu faço com o tempo que me foi dado na terra para aprender alguma coisa. Ou talvez eu tenha nascido na época errada. Posso mesmo ter resquícios inconscientes de uma vida anterior tão boa que todos os livros de época que leio me trazem bons pensamentos, suspiros e sonhos.

Sei que isso me faz fugir da minha vida e cair em uma falsa. Talvez o livro eterno que eu tanto busco esteja na minha frente e eu não saiba dar o devido valor.

O livro eterno é a vida.
Mas é tão mais difícil viver o mundo real, sabendo que não tem como reescrever algumas partes!!
Nós escrevemos nele nossa história, mesmo com uma certa falta de protagonistas que compartilhem com você determinados momentos.
Porque pelos livros tudo parece perfeito, até mesmo os desencontros e as inimizades.

Tem páginas que não tem como reler, porque no livro da nossa vida é impossível voltar atrás. Não que seja impossível reescrever, mas aí vai depender dos personagens.
E nem todos estão aqui para fazerem parte da nossa história. Não querem compartilhar umas poucas páginas conosco, preferem escrever as suas próprias.
Um dia nossa história terrena tem um fim, que a gente não vê.
Continua em outro plano e deixamos aqui uma continuação em pequenos verbetes nos livros da nossa descendência genética.

Nosso livro é mesmo eterno, cheio de páginas em branco, prontas para serem preenchidas com nosso aprendizado.

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