quarta-feira, 3 de maio de 2017

Falando um pouco sobre empatia. E se você não sabe o que é isso, fecha a aba do navegador e vai estudar.

Eu sou muito empática.
Sempre fui.
Virei esquerdista quando percebi que existiam pessoas que trabalhavam em dias de descanso.

Chorava de pensar em motoristas de ônibus ou frentistas trabalhando no Natal, com filhos esperando em casa.

Chorava de ver gente na feira, comprando pouco porque o dinheiro não dava.

Queria que existisse igualdade. Não era justo eu poder ir à um restaurante e outros não poderem; pior, porque eu, ao ir à um restaurante, tinha que ser "servida"? Morria de vergonha disso. Quem era eu, na fila do pão, para ser servida? Era mais que o garçon?
Eu morava em uma boa casa, tinha cobertores, comida e brinquedos, e via quantos não tinham, e aquilo me arrasava por dentro.

Daí veio a minha educação com pessoas que nos prestam serviços.
Sempre odiei gente que fala "não agradeço motorista de ônibus, frentista, garçon... eles são pagos pra me servir". Eu agradeço à todos. Qualquer informação que me dão, eu agradeço. Qualquer serviço que me prestam, eu agradeço, seja grande ou pequeno. Mesmo se feito de má vontade, agradeço - também de má vontade.

Com o tempo eu entendi que igualdade social só existe na cabeça das pessoas. Não existe igualdade social quando existem políticos na jogada.

Mas a empatia continuou. Não me sinto mais culpada quando sou atendida por alguém me prestando um serviço, em compensação sinto muita tristeza com desafortunados que perderam suas coisas em tragédias, ou perderam entes amados, ou animais de estimação, enfim...

Talvez minha empatia dependa da minha situação atual, não sei.

Por exemplo, eu não gosto de criança. Quando eu via uma notícia tipo "fulano matou uma criança" ou "espancou uma criança", eu sentia a raiva normal que a gente sente por esse tipo de atrocidade contra a espécie, afinal somos todos humanos.

Mas depois que eu tive a Carol, essa empatia cresceu e se tornou maior que eu.
Antes eu achava que quem comete um delito contra uma criança tinha que ser preso, hoje eu acho que tinha que ser morto.

Assistir vídeos de pais batendo em filhos, ver crianças na rua pedindo comida, ver mulheres pedindo dinheiro alegando que precisam comprar leite pros filhos, ver filmes em que a criança morre, enfim... Tudo isso me faz sentir um peso medonho de consciência, eu já imagino a Carolina, já penso em N coisas e pronto, fico triste, chateada.

Ver notícias como a dessa semana, em que uma pastora evangélica convenceu vários pais a trancafiarem e isolarem seus filhos (um casal até deu o bebê deles pra adoção) me enche o coração de ódio, a ponto de desejar que o Estado Islãmico venha e detone umas bombas nas igrejas do Brasil.

Assistir Stranger Things foi especialmente doloroso, por causa da situação da 11, do desespero da Joyce e da situação do Delegado Hopper, perder a filha pequena de câncer.

Ser mãe também nos causa empatia.
Perder alguém nos causa empatia.
De uns anos pra cá eu, que sempre fui chorona, piorei... rsss
Só não tenho dó de político.
Graças a Deus.

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