quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cachorro, pra mim, tem que ser amigo. Dar prazer. Se for gerar incômodo, deixa de ser amigo e vira um transtorno que vai ser doado ou colocado na rua, certeza.

Precisando de um filhote pra conviver com minha filha de 3 anos, meu primeiro pensamento foi num cão de raça de pequeno porte. O cão de raça a gente sabe o que esperar dele.

Mas tocada sentimentalmente pelas inúmeras imagens de cães carentes esperando adoção, decidi visitar a feirinha de adoção da ONG daqui da minha cidade.
O pessoal é meio desorganizado, tem pouca verba, luta com dificuldade, então eu achei que sabia o que esperar.
Ao mesmo tempo, me sentindo mal por não ajudar em nada os cães carentes, decidi adotar um cão. Já adotei cães de raça adultos, já tive filhotes de vira lata adotados, não pode ser tão difícil, pensei.
Quanto engano...

O que esses pobres protetores tentam passar sobre seus tutelados e a realidade são muito diferentes.
Enfim, vi muitos filhotes. A maioria dormindo amontoada, apática.
Alguns poucos pulando e brincando (foram adotados logo) e outros mais contemplativos.

Alguns adultos.

Marido gostou de um preto adulto. Perguntei pra presidente da ONG sobre ele.
Muito simpático, ela disse, bem manso.
Levei ele e um filhote de 4 meses pelo duro (cruza de poodle com alguma coisa, sempre sai pelo duro).
O filhote tive que devolver quase no dia seguinte. Medroso, mordeu todo mundo em casa. Minha filha de 3 anos queria segurar ele no colo, não deu.
Como socializar um cão assim?
EU SEI socializar o cachorro, só não achei que seria conveniente pra minha filha. Queria um filhote brincalhão, não um pobre bichinho acuado mordedor.

O adulto, oh, o adulto. Que graça de cão.
Que benção.
Que amor.
Tudo muito bem até o exame de sangue.
Veio com leishmaniose.
Meu Deus, mais um?

Liguei pra presidente da ONG, "amiga, o cão tá com leish, mas eu não trato nem quero ser responsável por sacrificar. Levo ele pra você?"

Quando deixei ele na clínica veterinária onde ela arrumou um LT pra ele (ela também foi contra sacrificar, ia fazer o tratamento), me deu aquele aperto no peito, aquela tristeza.
Ainda estou muito triste.
Não tem um mês que sacrifiquei meu boxer por causa de leishmaniose, agora pego mais um?

Fora isso me senti um verme por devolver os 2. Por não ter me esforçado em fazer a diferença pra esses dois cães.
Mas eu tenho que pensar na filha e na mãe acamada.
Cão com leishmaniose aqui, NÃO.

Estou cansada, triste e sem estrutura psicológica pra isso...

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