quarta-feira, 4 de maio de 2022

Prós e contras do remake de Pantanal: a direção

 Acredito, depois de assistir o começo de ambas as novelas, que o que mais está sendo complicado de entender nesse remake é a direção. 

A Pantanal original era lírica, poética e sublime. Por causa das paisagens, das INÚMERAS paisagens, e das lembranças que a todo momento reaparecem, tinha um tom meio arrastado, mas nada que tenha comprometido a novela.
Tínhamos um elenco alegre, que vivia a trama. Feliz e triste dependendo do momento. Cláudio Marzo soube dar uma continuidade à simpatia do Zé Leôncio de Paulo Gorgulho.

Jussara Freire vivia com um sorriso no rosto, Guta era abusada, mas sabia ser humilde quando necessário e os atores entraram na rotina da fazenda, como se nota na evolução dos capítulos. 

O sotaque caipirês era muitíssimo usado, as boiadas eram levadas pra cima e pra baixo por dentro da água, como deve ser num local como o pantanal.

O remake anda a passo depressivo, além de ter sido feito 70% em estúdio, o que não aconteceu na primeira versão. Muitas das conversas entre Joventino e o pai que eram ao ar livre, no remake são dentro "de casa".
Zé Leôncio vive com a cara fechada, dolorosamente fechada, inclusive na primeira fase.
Todos ali aparentemente estão SOFRENDO. 
A Filó de Dira Paes é apagada, o Zé Leôncio de Marcos Palmeira é agressivo, o Jove de Jesuíta Barbosa é chorão e reclamão e a Muda está sempre de cara fechada; Maria Bruaca com medo, onde a outra era apagada, porém não medrosa e um véio do Rio sempre de mal humor onde no outro existia uma sabedoria calma e tranquila. Osmar Prado dá lição de moral, Cláudio Marzo ensinava. 
Todos ali são agressivos e raivosos; onde antes existia conversa, hoje jorram gritos e acusações, mesmo sem necessidade. Onde antes existia entendimento e conversa, hoje tem opinião, crença limitante, ressignificação. Espera-se que os velhos mudem para que os jovens se sintam confortáveis. Não tem respeito, ninguém ali se respeita.

As melhores interpretações ali são do ator que faz Tibério, do Tadeu e da Juma. Quase não mudaram o tom desses personagens, aliás eu acho inclusive que o Tibério está MELHOR, pois o Sérgio Reis não é um bom ator, era forçado. 

A cena em que Juma arranca a orelha de um caçador com os dentes é bem mais forte na original. Talvez essa novela atual seja tão fraca por causa da geração floco de neve que não suporta violência. Posteriormente, comentando o caso, os peões da fazenda falam que "tem que ser muito macho" pra chegar perto de Juma e que ela "não gosta de homem".
Na trama original, Joventino se cala e reflete aquelas palavras; o Jove do remake fica todo ofendido, e diz que macheza não se mede, que ela não é mulher homem, num mimimi ridículo que teve com uma falta de interpretação imensa.

No mais, os diálogos do remake, algumas cenas, 90% praticamente está quase idêntico ao original; mas sabe-se que terá mudanças, afinal é uma adaptação, não o original. 

Nenhum comentário:

Anos de Brasil em poucas linhas

 Eu queria poder narrar aqui, para deixar registrado mesmo, pois sei que futuramente os indivíduos podres que estão no poder vão reescrever ...