sábado, 14 de abril de 2018

FILOSOFANDO...

Quando alguém é contra alguma coisa (qualquer coisa) eu sempre me pergunto até ONDE ela conhece à fundo a causa ao qual ela está se posicionando.

A maioria das pessoas que é CONTRA a criação de cães coloca TODOS os criadores no mesmo balaio, desde aqueles que tem 200 cães empilhados, magros e judiados, até aquela pessoa que tem 2 ou 3 fêmeas e tira 1 ou 2 ninhadas por ano. Não existe um oito ou oitenta.

O mesmo acontece com tudo, simplesmente TUDO nessa vida... A gente se posiciona CONTRA ou À FAVOR de algo simplesmente baseados em achismos e opiniões pessoais, sem uma pesquisa à fundo no problema.

Eu vejo pessoas sendo contra adestramento por N motivos: são contra o enforcador de garras, sem saber que ele existe e é usado em alguns propósitos e situações, não todas. E aí vê UM caso em que detonaram o pescoço do cachorro e usa aquilo O RESTO DA VIDA como bandeira negativa.
Pessoas que não podem nem ouvir falar em COLAR DE CHOQUE, achando que deve ser uma coleira ligada no 220, que o adestrador fica ligando e desligando no interruptor.
A maioria nem sabe quais os modelos, qual a intensidade e, mais importante, PARA QUÊ esse tipo de coleira é utilizada e sua importância em eliminar determinados comportamentos.

Eu vi pessoas se posicionando CONTRA técnicas de correção de cães mal educados com N argumentos, mas que não conseguem controlar seus cães e estes fazem tudo o que querem dentro de casa.

Nosso país é tão escroto que não se pode praticar esportes de tração canina. Em algumas cidades do país, campeonatos de adestramento e agility são proibidos.

Vi pessoas que criticam criadores de cães, por seus cães morarem em canis, mas não criticam instituições como a SUIPA e SOAMA, nem acumuladores travestidos de "protetores".

Vejo pessoas se posicionando CONTRA carroceiros, pegando 1 caso de maus tratos para dar como exemplo, esquecendo dos outros 10 que não maltratam seus animais. E aí já aproveita e quer que criem uma lei proibindo todo o tipo de veículos de tração animal, sem lembrar que existem muitas pessoas que moram em zona rural e PRECISAM de charretes e carroças. Essa pessoa NÃO ESTÁ preocupada com animais ou pessoas, e sim em tranquilizar sua própria consciência, independente do que sua resolução/opinião vai acarretar na vida de outras pessoas.
Esquecem também que existem esportes de atrelagem e corrida de trote.

Tenho visto pessoas contra rodeio e vaquejada, "sou contra e acabou", preferindo não ver que é um esporte que movimenta milhões, gera renda, sustenta famílias e dá emprego.
Colocam tudo "no mesmo saco", como se fosse tudo igual. Tem gente que inclusive diz que é "contra rodeio porque não gosta de musica sertaneja". É como se alguém que não gosta de música clássica quisesse proibir orquestras e óperas.

Os argumentos são sempre os mesmos:
"Na vaquejada pegam o boi pelo rabo" (mentira, é por uma cauda artificial), "o cavalo é maltratado" (mentira, além de ser obrigatório ter um juiz de bem estar animal em cada evento, fiscalizando abusos, os cavalos não podem mais sangrar na cortadeira e nem na espora. Existem punições sérias caso isso aconteça, e assim como no rodeio, os animais tem tratamento especial nas fazendas),

"No rodeio amarram/espetam o saco do boi pra ele pular daquele jeito" (mentira, os touros de rodeio são as estrelas do show, escolhidos à dedo por olheiros nos rodeios de cidade pequena. 60% dos bois que são colocados pra pular não servem pro ofício). Boi pula porque não gosta que montem no seu lombo. Tem boi que vai pra arena e não pula, esses são descartados, mas os que se destacam são comprados por companhias de rodeio e são tratados com ração medida e pesada, capim de boa qualidade. São animais acostumados ao trato no dia a dia, eles TRABALHAM pra viver, entram na arena, pulam e saem.
Aquela corda de crina amarrada na virilha é pra causar um DESCONFORTO, apenas isso, o touro pula sem aquilo se precisar.
As esporas NÃO TEM PONTAS. São apenas parte da indumentária.

"As provas de laço são cruéis", e aí eu te falo "quais?", porque prova de laço tem muitas modalidades.
Se formos ver o calf roping, eu concordo. Bezerros muito novos e tranco muito agressivo no pescoço.
Mas o laço em dupla não tortura. Um laça a cabeça e outro laça o pé, imobilizam o animal, pronto.

O laço comprido, ou tiro de laço, modalidade que tem ganhado espaço pelo resto do Brasil, vinda do Sul, consiste em um vaqueiro laçar uma rês a 100m de distância, com um "laço comprido".  Não tem tranco, não tem violência nenhuma.

Sobre as modalidades de rodeio do Sul eu vou me abster de comentar, são diferentes dos rodeios do sudeste, regras e provas próprias, vindas da lida campeira deles.

Pois é, amigo "sou contra", porque agora vem a parte divertida da coisa... Você, sentado na sua poltrona de couro, comendo seu bife, tomando sua gelatina, talvez não saiba que todas essas modalidades de rodeio tem uma MESMA ORIGEM: a lida campeira com o gado.

Se um boi sai correndo na frente da boiada, na estrada ou no pasto, o vaqueiro tem que trazer ele de volta, senão ele pode pular uma cerca, se machucar, ou entrar numa mata ou em outro pasto e aí dá o dobro de trabalho pra tirar o bicho de lá. Então ele corre com o cavalo, pega o boi pelo rabo e vira o boi na direção certa de novo.
Se um boi precisa ser imobilizado pra se curar uma ferida, um vaqueiro laça a cabeça, o outro o pé, derrubam o boi, fazem o curativo e solta o bicho de novo.
Um bezerro recém nascido precisa ter seu umbigo curado quase que imediatamente após o seu nascimento, senão dá bicheira e ele morre de tétano. O vaqueiro PRECISA laçar o bezerrinho enquanto o outro vaqueiro aparta a mãe.

Se um boi PRECISA ser parado, o vaqueiro pula em cima dele, na cabeça, enquanto o outro vem pra ajudar a segurar (modalidade em rodeio chamada bulldog).

Sinto muito se algumas coisas ferem a sua sensibilidade gentil, mas a realidade não é um conto de fadas.

Quer protestar contra algo: busque, pesquise, corra atrás. Não pague mico.
Não seja um babaca caviar criado à leite com pera e ovomaltine no apartamento acarpetado da vovó, com seus gatinhos de raça que comem sachê de salmão.
Saiba que existe um mundo lá fora onde pessoas precisam trabalhar ou morrem de fome e dependem muito dessas modalidades de esporte para dar dignidade ás suas famílias, já que o governo só pensa em roubar zilhões para seus pro´rios bolsos.

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