Lamentei a vida que deixei para trás, família amada, amigos de infância, mas fui em frente. SP já não dava mais pra mim. Mas eu nunca fui de ficar muito tempo me lamentando, porque não adianta.
Na minha ingenuidade, achei que eu poderia manter tudo, contato com os amigos de SP, e no começo realmente foi assim, mas a distância, a vida e o tempo mudam as coisas.
Talvez eu tivesse uma ideia errada do que fosse o interior de SP, e demorei para perceber que nem tudo eram rosas. Que rosas tem espinhos. Percebi que alguns amigos que eu amava, daqui, não eram tão amigos assim. Doeu perceber isso, como sempre dói perceber que uma pessoa querida é falsa com você. Mas eu fui em frente.
Fiz novas amizades, conheci gente que valeu a pena, e outras nem tanto. Saí, curti, dancei, tomei chuva, amei, desamei, bebi, chorei... e sempre fui em frente.
Sempre tive forças, vontade e incentivo para ir em frente. Sempre tive amigos ao lado e principalmente, sempre tive o conforto de ter minha mãe do meu lado, mesmo que ela passasse a semana toda viajando.
Quando tudo mais falhava, tinha ela. Mesmo que fosse para apoiar minhas cagadas - e ela sempre apoiou - ela estava ali.
Quando eu resolvi morar em Birigui, e não em Araraquara, o que seria mais fácil e barato, ela concordou. Quando eu resolvi parar de estudar, ela concordou; decidi criar cachorro, ir pra mil exposições no Brasil todo, viajar pelo nordeste, voltar a estudar, fazer faculdade, parar, voltar... tudo ela concordava e apoiava.
Quando a saudade da família batia, viajávamos pra ver todo mundo.
Mas aí, a família foi diminuindo...
Eu, que fui criada no meio de uma família italiana grande, barulhenta, unida, de repente comecei a me ver sozinha, cada dia mais sozinha... Só eu e ela.
Um dia eu e ela tivemos uma briga imensa. Ela queria voltar para SP e eu, não. Ela queria de volta o mesmo que eu, a família, os amigos. Que ela não entendia terem ido... Chico, Nunzio, Égide, Weick, Mutti, Romilda - a turma do baralho que passava as noites jogando - já não existia mais. Morreram, se mudaram para longe...
Mafalda já não tinha mais sua casa para nos receber, tia Ara e tio Mané estavam morando em Pirangi... Todos que ficaram em SP não eram mais uma "família" naquele sentido de união que tínhamos conhecido por tantos anos.
Mas o que me segurava aqui? Nada. Então eu concordei, quando acabasse a faculdade, eu daria um jeito nos cães e voltaríamos para SP.
Foi quando eu conheci o Fabio e desistimos da ideia.
Eu achei que a família do Fabio, sendo grande, unida e barulhenta como a minha havia sido, traria de volta a estabilidade emocional que eu precisava.
E o tempo mostrou que não.
Hoje eu estou sozinha. Tenho minha mãe de cama e uma filha de 2 anos que precisam de atenção constante.
Abri mão de cinema, cavalo, cachorro, festa, shopping... Mal consigo ir a uma lanchonete. E embora essa vida social faça falta, nada disso teria importância se eu tivesse com quem conversar.
Não aquela conversa trivial do dia a dia, quem xingou quem, quem deu para quem, quem fez isso ou aquilo. Não fofoca.
Conversa séria mesmo, livros, filmes, política, história, religião...
Falar sobre isso na internet não é o mesmo que falar cara a cara.
Não sei quanto tempo eu vou aguentar sem explodir.
2 comentários:
É! Cada escolha, uma renúncia. Vc tem que por na balança e ver o que pesa mais.
bem vinda ao meu mundo
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